Trabalhadores do Novobanco querem reservar até 10% das ações e desconto no IPO

Trabalhadores do Novobanco querem reservar um lote entre 5% e 10% das ações naquele que será um dos maiores IPO do ano na Europa. Sindicato quer desconto e outras condições para incentivar adesão.

Os trabalhadores do Novobanco querem que o banco reserve um lote entre 5% e 10% de ações do banco na oferta pública inicial (IPO), que arrancou formalmente esta quinta-feira, e com condições especiais, incluindo um desconto face ao preço para os institucionais, para incentivar a adesão.

O Sindicato Nacional dos Quadros e Técnicos Bancários (SNQTB) já enviou a proposta ao banco e está ainda à espera de uma resposta. Entende, ainda assim, tratar-se de “um passo importante” para reforçar a ligação entre as duas partes, e depois de os trabalhadores terem “desempenhado um papel determinante na estabilização e recuperação” do banco, segundo adiantou fonte oficial ao ECO.

“A possibilidade de adquirirem ações é um reconhecimento desse esforço e constitui um incentivo adicional à sua motivação e compromisso futuro com os objetivos da instituição”, refere a mesma fonte.

Para o SNQTB deve ser reservada “uma percentagem justa do capital a alienar em linha com as melhores práticas do setor e com o objetivo de garantir uma verdadeira participação dos trabalhadores na estrutura acionista” do Novobanco. Em setembro do ano passado, a instituição empregava 4.249 trabalhadores.

Nesse sentido, o sindicato liderado por Paulo Marcos propôs que seja considerado um lote entre 5% e 10% de ações reservadas para os trabalhadores do banco, com as seguintes “condições preferenciais”:

  • Preço por ação inferior ao valor oferecido aos investidores institucionais, de modo a incentivar a adesão dos trabalhadores;
  • Possibilidade de pagamento faseado ou com facilidade de linha crédito;
  • Garantia de acesso equitativo a todos os trabalhadores, no ativo ou reformados, independentemente do cargo ou antiguidade;
  • Eventual bonificação em caso de manutenção das ações por um determinado período (ex.: 3 a 5 anos).
Mark Bourke, CEO do Novo Banco, em entrevista ao ECO - 02FEV24
Mark Bourke, CEO do Novobanco.Hugo Amaral/ECO

O Novobanco, que não respondeu às questões do ECO até à publicação deste artigo, anunciou esta quinta-feira que recebeu “indicação formal” do fundo Lone Star para avançar com o IPO, tendo já contratado Bank of America, Deutsche Bank e o JPMorgan Chase para organizar a operação, de acordo com a agência financeira Bloomberg.

O CEO do banco, Mark Bourke, explicou aos trabalhadores que tenciona concretizar a operação no final do segundo trimestre ou no final do terceiro trimestre, ressalvando que o IPO está dependente das condições de mercado, segundo a mensagem interna a que o ECO teve acesso.

O Novobanco poderá estar avaliado entre 4,8 mil milhões e 6,2 mil milhões de euros, segundo uma estimativa da JB Capital, não excluindo um cenário de consolidação (M&A) com um concorrente português ou europeu, o qual podia gerar sinergias entre 500 milhões e mil milhões.

Mesmo em caso de venda a outro banco, o SNQTB defende que se deve assegurar “um espaço de participação dos trabalhadores do banco na nova estrutura acionista”.

Frisa mesmo que é fundamental que o novo acionista “considere este fator como parte da sua responsabilidade social e compromisso com a estabilidade da força de trabalho”, refere o sindicato.

Para a JB Capital, BCP, Caixa Geral de Depósitos (CGD) e BPI (Caixabank) poderão integrar a lista de potenciais compradores do Novobanco, apesar de antecipar obstáculos regulatórios em qualquer destas opções, sobretudo relacionados com os riscos para a concentração do mercado bancário.

Maior IPO do ano?

A agência Reuters apontava esta quinta-feira que o Novobanco poderá protagonizar um dos maiores IPO do ano na Europa. Será, seguramente, o maior IPO dos últimos anos em Lisboa.

O último IPO realizado na bolsa portuguesa foi a Greenvolt, em 2019, que cinco anos depois fez o delisting após a oferta pública de aquisição (OPA) do fundo americano KKR no ano passado. Pelo meio falharam várias operações, incluindo a Sonae MC e mais recentemente a Luz Saúde.

Atualmente, a bolsa de Lisboa conta apenas com um banco listado, o BCP, que sobreviveu a uma razia no setor na década passada em que abandonaram o mercado de capitais o BES e o Banif por força das medidas de resolução e ainda o BPI na sequência da OPA do espanhol Caixabank.

O último IPO de um banco português aconteceu em 2013, quando o Banco Montepio admitiu à cotação unidades do fundo de participação numa operação de 200 milhões de euros. Esteve quatro anos no mercado.

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