Novo Banco oferece cash para comprar três mil milhões de dívida

É o passo que faltava para completar a venda do Novo Banco. A instituição vai avançar com uma oferta em dinheiro para comprar obrigações seniores. Quer poupar 500 milhões de euros.

O Novo Banco já apresentou aos obrigacionistas seniores a proposta de troca de dívida para que o banco possa conseguir uma almofada adicional de capital, de 500 milhões de euros.

Ao contrário do que chegou a ser aventado, não haverá uma troca de obrigações por outras (de menor valor, ou menor cupão), mas sim por dinheiro. Ou seja, os obrigacionistas vão receber cash em troca da dívida detida, sendo que as obrigações serão avaliadas ao preço a que estão no mercado.

“A oferta prevê a compra de todas as obrigações referentes a 36 emissões do Novo Banco, é uma oferta com contrapartida em cash, proporcionará aos seus detentores um preço alinhado com o mercado e é acompanhada por uma operação de solicitação de consentimento de reembolso antecipado (consent solicitation)“, diz o banco em comunicado.

Esta ‘consent solicitation’ deverá implicar a convocação de uma assembleia geral de obrigacionista em que é necessária a aprovação de 75% dos obrigacionistas. Neste cenário, a oferta será válida para 100% dos credores. Se houver um nível de aceitação inferior aos 75%, a oferta não será geral, mas o banco terá de fazer contas para aferir se consegue amealhar a poupança pretendida de 500 milhões de euros.

Qual é o preço de recompra?

“A opção pela solução em ‘cash’ torna mais simples e percetível a contrapartida e mais ajustada aos investidores institucionais e de retalho”, afirma o banco liderado por António Ramalho, acrescentando que “para os clientes do banco que optem pela venda ou que sejam reembolsados serão disponibilizados depósitos a prazo com condições específicas”.

O Novo Banco diz que a operação “segue os preços de mercado, ligeiramente acima do valor médio verificado no ultimo ano”. Ou seja, quem comprou e ainda detém obrigações ao par poderá perder dinheiro, perda que poderá ser menor para os que adquiriram os títulos em mercado já que estavam a negociar na generalidade com desconto.

A oferta arranca esta terça-feira e termina a 2 de outubro de 2017, com liquidação prevista a 4 de outubro de 2017.

Num comunicado publicado no site da CMVM, o banco elenca as 36 series de obrigações e a respetiva contrapartida ou valor de reembolso antecipado. Clique aqui para consultar o preço que será oferecido por cada uma das séries.

E a condição de sucesso da oferta?

Para assegurar o sucesso da operação, o Novo Banco revela que “deverá obter a participação de obrigacionistas que permitirá o reforço dos capitais próprios em, pelo menos, 500 milhões de euros, quer por poupança de juros quer por ganhos de capital”.

Esta é umas das condições que têm de ser preenchidas para que o Lone Star possa concretizar a compra da instituição bancária. Os norte-americanos acordaram a compra de 75% do capital do Novo Banco e comprometeram-se a injetar mil milhões de euros para reforçar os capitais. Capital que será reforçado em mais 500 milhões de euros caso os obrigacionistas do Novo Banco aceitem a proposta agora posta em cima da mesa.

Isso mesmo confirma o banco em comunicado à CMVM: “Esta operação é uma das condições precedentes para a concretização da venda à Lone Star que, nos termos do acordo de compra e venda, irá realizar injeções de capital no Novo Banco no montante total de 1.000 milhões de euros (incluindo 750 milhões de euros no momento da conclusão da operação e 250 milhões de euros no prazo de até três anos) e adquirir 75% do capital social do, mantendo o Fundo de Resolução 25% do capital”

A operação abrange 36 séries de obrigações, com maturidades entre 2019 e 2052, “no valor nominal global de 8,3 mil milhões de euros, correspondente a cerca de 3 mil milhões de euros de passivo contabilístico”.

O banco recorda ainda que “em 2016, enquanto a dívida do grupo relativa a obrigações seniores representava menos de 10% do total do passivo do Novo Banco, a mesma representava cerca de 40% dos juros e custos do passivo financeiro”.

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