Navigator investiu 27 milhões para tornar local de trabalho mais seguro. Acidentes caíram para mínimos

Diretora de segurança e sistemas de suporte da Navigator avança ao ECO que a empresa investiu 27 milhões nos últimos anos para tornar local de trabalho mais seguro. Desde 2020, acidentes caíram 40%.

A Navigator atingiu no último ano o valor mais baixo de sempre de acidentes de trabalho. Desde 2021 que a cotada tem promovido o programa “Missão Zero”, com o objetivo de eliminar na íntegra este tipo de incidentes, sendo que, em declarações ao ECO, Paula Monteiro, diretora de segurança e sistemas de suporte dessa empresa, adianta que, nos últimos anos, foram investidos cerca de 27 milhões de euros para tornar o local de trabalho mais seguro.

Paula Monteiro é diretora de segurança e sistemas de suporte da The Navigator Company.

“O investimento total da Navigator em segurança e saúde ocupacional nos últimos anos tem sido significativo, refletindo um compromisso estratégico com a melhoria contínua das condições de trabalho. No total, foram alocados cerca de 27 milhões de euros em CAPEX [despesas de capital] e OPEX [despesas operacionais] para reforço das infraestruturas, melhorias de processos e implementação de novas metodologias para a segurança e saúde no trabalho (SST), ou seja, para tornar os locais de trabalho da Navigator ainda mais seguros“, explica a responsável, em respostas enviadas ao ECO.

No que diz respeito às infraestruturas, segundo Paula Monteiro, foram atualizados os sistemas de segurança das unidades industriais (incluindo melhorias nos dispositivos de proteção e reforço dos sistemas de prevenção de incidentes).

Já no que diz respeito aos equipamentos de segurança, a diretora de segurança adianta que foram, nomeadamente, implementados novos sistemas de proteção coletiva, atualizados os dispositivos de bloqueio e sinalização, melhorados os sistemas de proteção contra queda, e reforçadas as medidas de proteção de máquinas.

A Navigator apostou também no desenvolvimento de um projeto de ergonomia que abrangeu “centenas de postos de trabalho”, investiu mais de 850 mil euros em formação e capacitação, e reforçou o rigor na qualificação das empresas prestadoras de serviço, “garantindo que os padrões de segurança são cumpridos por toda a cadeia de valor”, enumera Paula Monteiro.

A formação tem sido uma prioridade para a Navigator. Este compromisso traduz-se num investimento significativo, superior a 850 mil euros.

Paula Monteiro

Diretora de segurança e sistemas de suporte da The Navigator Company

A responsável destaca ainda a criação de uma plataforma digital interativa para a gestão de segurança, o uso de dados analíticos para identificação e mitigação de riscos de forma mais ágil, a uniformização e atualização dos equipamentos de proteção individual e a aposta em campanhas de consciencialização sobre a segurança e saúde no trabalho.

“Este investimento não só elevou o nível de segurança operacional da Navigator, como também fortaleceu a cultura de prevenção, resultando numa redução do índice de frequência de acidentes e numa maior consciencialização de todos os colaboradores sobre a importância da segurança e saúde no trabalho”, salienta a já referida responsável.

Estas medidas enquadram-se no “Missão Zero”, que nasceu em 2021 com o compromisso de alcançar a meta de zero acidentes de trabalho.

O investimento sustentado em saúde e segurança tem gerado resultados muito positivos. Em 2024, foi alcançado o nível mais baixo de acidentes com baixa de sempre, número que reduziu 40% desde 2020“, assinala Paula Monteiro, que garante que este programa envolve toda a empresa, da gestão de todo aos operadores, passando pelos supervisores e responsáveis de área.

Uma vantagem para o negócio

O programa “Missão Zero” e os milhões que a Navigator tem investido em segurança e saúde no trabalho têm um foco nas pessoas, mas são também um “pilar estratégico que reforça a competitividade e sustentabilidade” da empresa, reconhece a diretora de segurança desta cotada.

A redução dos acidentes e das baixas médicas diminui as interrupções no processo produtivo, promovendo uma operação mais estável e eficiente. A mitigação dos incidentes contribui para a diminuição dos custos diretos (seguros, compensações e paragens) e indiretos (recrutamento e formação de substitutos). E uma cultura robusta de segurança e saúde no trabalho torna a Navigator mais atrativa para talentos e fortalece a imagem da empresa perante clientes e parceiros“, identifica Paula Monteiro.

A mitigação dos incidentes contribui para a diminuição dos custos diretos (seguros, compensações e paragens) e indiretos (recrutamento e formação de substitutos).

Paula Monteiro

Diretora de segurança e sistemas de suporte da The Navigator Company

Além disso, sendo a Navigator cotada em bolsa, esta aposta melhora a perceção dos investidores, bem como “posiciona a empresa como referência em responsabilidade social e sustentabilidade”, observa a responsável.

Acrescenta também que “os elevados padrões de segurança são valorizados em processos de certificação e na captação de novos contratos, contribuindo para uma vantagem competitiva sustentável“.

Mas desafios não faltam

Apesar das vantagens apontadas, a implementação da Missão Zero tem enfrentado “desafios importantes”, admite Paula Monteiro.

A começar pela necessidade de mudar as mentalidades, isto é, “transformar a segurança num valor inegociável para todos os níveis da organização, garantindo que cada colaborador adota comportamentos seguros no dia a dia, não apenas em auditorias ou inspeções, mas em todas as suas atividades diárias”, realça a responsável.

Outra dificuldade tem sido a gestão da segurança dos trabalhadores externos. “O aumento do número de prestadores de serviço trouxe uma maior complexidade na gestão da segurança. Para mitigar este risco, a Navigator tem reforçado os processos de integração, formação e acompanhamento, assegurando que todos – internos e externos – compreendem e seguem os mesmos padrões elevados de segurança”, conta a diretora.

Já ao nível das chefias, Paula Monteiro sublinha que o “compromisso firme” da Comissão Executiva tem sido um “fator determinante para o sucesso” deste programa, mas a sua implementação depende do alinhamento dos gestores operacionais, daí que a cotada tenha investido também em programas de capacitação e sensibilização.

Garantir que todas as situações de risco são identificadas, reportadas, analisadas e tratadas antes de se tornarem acidentes é uma prioridade contínua.

Paula Monteiro

Diretora de segurança e sistemas de suporte da The Navigator Company

Outros dos desafios têm sido a gestão de quase-acidentes e a melhoria na perceção de risco – “garantir que todas as situações de risco são identificadas, reportadas, analisadas e tratadas antes de se tornarem acidentes é uma prioridade contínua” –, bem como a redução da gravidade dos acidentes.

O “Missão Zero” é, de resto, um programa para toda a década, pelo que há ainda “um caminho a percorrer”, nomeadamente, aprofundando a cultura de segurança, evoluindo na digitalização e automação das métricas e iniciativas de segurança e saúde no trabalho, reforçando a segurança na cadeia de fornecimento e melhorando a perceção de risco e prevenção ativa, perspetiva a diretora de segurança e sistemas de suporte da Navigator, em declarações ao ECO.

Concertação ia discutir segurança e saúde no trabalho

A ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, Maria do Rosário Palma Ramalho, acompanhada pelo secretário de Estado do Trabalho, Adriano Rafael Moreira, e pela secretária de Estado das Pescas, Cláudia Monteiro Aguiar, preside à reunião plenária do Conselho Permanente de Concertação Social, esta tarde em Lisboa.MIGUEL A. LOPES/LUSA

O Governo e os parceiros sociais receberam, no verão, o livro verde sobre a segurança e saúde no trabalho, assunto que ia ser discutido na Concertação Social ao longo desta legislatura, de acordo com o acordo sobre valorização salarial e crescimento económico.

O chumbo da moção de confiança do Governo de Luís Montenegro e a antecipação das eleições legislativas deixaram, porém, esse plano em suspenso. Os parceiros sociais insistem que os entendimentos firmados na Concertação Social são para cumprir, venha que Governo vier. Mas muito dependerá do Executivo que resultar da ida às urnas de maio deste ano.

De resto, entre as recomendações feitas pelos peritos no referido livro verde, estava a criação de uma nova agência para a segurança, saúde e condições do trabalho, a partir dos recursos já existentes na Autoridade para as Condições do Trabalho (ACT) e na Direção-Geral da Saúde (DGS).

Além disso, recomendavam que fossem desenvolvidas, de forma sistemática, através desta agência, auditoras ao funcionamento dos serviços de segurança e saúde no trabalho.

Entre as 83 recomendações do Livro Verde do Futuro da Segurança e Saúde no Trabalho, 17 diziam respeito às entidades empregadoras. Os especialistas aconselhavam, por exemplo, a promoção de formação contínua “de conhecimentos e competências de liderança ao nível específico da segurança e saúde do trabalho”.

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