Famílias falam pouco sobre dinheiro. Menos de metade dos casais partilha gestão da conta bancária
No Dia Internacional da Família, que se celebra esta quinta-feira, Doutor Finanças e Católica elaboraram um estudo sobre quem gere o tema financeiro nos agregados familiares.
O dinheiro é um tema pouco presente nas conversas das famílias, de acordo a primeira edição do barómetro “Hábitos Financeiros dos Portugueses”, desenvolvido pela consultora financeira Doutor Finanças e pelo Centro de Estudos Aplicados (CEA) da Universidade Católica Portuguesa.
Quase metade dos agregados familiares (44%) não conversam (ou conversam pouco) sobre o assunto à mesa, optando por fazê-lo apenas quando surge um assunto importante, por exemplo. De entre o terço das famílias que falam esporadicamente (35%), destacam-se as faixas etárias superiores, com mais de 65 anos.
Nos casais portugueses, denota-se alguma divisão entre a opção por gestão partilhada e individual do dinheiro. A maioria dos inquiridos (61%) gere as suas próprias contas bancárias (como único responsável) e, na subamostra de quem vive com o cônjuge, é maior o número dos casos em que cada um está encarregue da sua conta bancária do que as situações em que a responsabilidade é conjunta. Menos de metade (49%) partilha a tarefa de gerir a conta bancária.
A mesma lógica é levada para o envolvimento dos membros mais novos da família na sua própria organização financeira, tendo em conta que só aproximadamente metade dos pais (varia consoante as idades dos filhos) os ajuda a gerirem o seu dinheiro/poupanças.
A maioria dos participantes neste inquérito (58% para os que têm filhos de 10-15 anos e 59% para os que têm adolescentes até aos 18 anos) dá dinheiro aos filhos quando estes precisam, mas só cerca de 10% os incluem nas decisões financeiras que tomam. Aliás, dois em cada dez pais não sabem ou não respondem onde os filhos gastam o dinheiro.
“Os resultados deste barómetro mostram que os desafios financeiros que os portugueses enfrentam são estruturais e não meramente conjunturais. A ausência de hábitos de poupança e a falta de planeamento continuam a comprometer o bem-estar financeiro das famílias. Este estudo permite-nos compreender onde estão os bloqueios e onde devemos atuar”, garante Sérgio Cardoso, Chief Education Officer do Doutor Finanças, sem detalhar quais serão as próximas prioridades da fintech neste campo.
Em relação ao investimento, o produto mais apelativo para as famílias portuguesas contactadas são os depósitos a prazo (29%), seguindo-se os certificados de aforro (15%) e logo depois as ações (10%) e outros produtos (11%), entre os quais nomearam imobiliário, terrenos, cofres, transferências para outro país e fundos (9%).
E através de que meios? Bancos, sobretudo. A maioria refere que investe através da banca tradicional (58% dos respondentes que investem o seu rendimento), sendo que para 48% este é a única via para investirem. Por sua vez, 23% utilizam plataformas de investimento, 14% corretoras online (trading) e apenas 8% recorrem à banca de investimento especializada.
O barómetro do CEA para o Doutor Finanças foi divulgado esta quinta-feira a propósito do Dia Internacional da Família, que se celebra anualmente a 15 de maio, para medir o grau de literacia e os comportamentos financeiros da população em Portugal e monitorizar tendências e resultados das estratégias de educação sobre finanças pessoais.
O estudo estatístico foi realizado em abril, através de um inquérito com 700 respostas válidas de pessoas residentes em Portugal, com idades entre os 18 e os 65 anos, assegurando representatividade nacional em termos de género, idade, região e escalão socioeconómico. A recolha das informações ocorreu entre os dias 2 e 17 de abril de 2025. A margem de erro máximo associado de 4% com um nível de confiança de 95%.
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