Pela primeira vez depósitos na banca rendem menos de 0,5%

A remuneração do total de depósitos a prazo que os portugueses têm na banca caiu para um novo mínimo histórico em junho, indicam dados do BCE.

Os bancos oferecem remunerações cada vez mais baixas nas novas aplicações em depósitos a prazo. Essa tendência também está a ter um impacto negativo sobre a taxa média do bolo total do dinheiro depositado pelos portugueses na banca. Em junho, a taxa média do saldo dos depósitos a prazo fixou-se no patamar mais baixo de sempre. Ficou pela primeira vez aquém dos 0,5%.

Segundo dados divulgados pelo Banco Central Europeu (BCE) nesta quarta-feira, a taxa de juro média do saldo total dos depósitos a prazo fixou-se numa média de 0,48%, em junho. Essa taxa compara com uma média de 0,5% que se verificava em maio, e é a mais baixa do histórico disponibilizado pela entidade liderada por Mario Draghi que remonta ao início do ano de 2003.

Remuneração dos depósitos no último ano

Essa quebra da remuneração reflete o rumo descendente dos juros oferecidos pelos bancos nas novas aplicações em depósitos a prazo, mas também o vencimento de aplicações que pagavam taxas mais elevadas.

De acordo com as estatísticas do BCE, a taxa de juro dos novos depósitos a prazo fixou-se, em média, nos 0,32% no mês de junho. Essa taxa ficou ligeiramente acima do mínimo histórico de 0,31% estabelecido em março deste ano, para os novos depósitos a prazo. O nível atual das taxas oferecidas nas novas aplicações compara com valores recorde que chegaram a atingir os 4,66%, em outubro de 2008. Remunerações elevadas que se justificavam na altura pela necessidade dos bancos, a braços com a crise financeira, em captar recursos junto dos seus clientes como forma de melhorarem os seus rácios.

Hoje a realidade é bastante distinta. Não só os bancos conseguiram melhorar os seus rácios, como o nível historicamente baixo da taxa de juro de referência da zona euro pressiona os indexantes e os desincentiva a apostar na captação de depósitos. A sua prioridade agora passa por conceder crédito.

Depósitos rendem menos. Aplicações em queda

A perda de atratividade da remuneração oferecida pelos bancos nas novas aplicações em depósitos está a ter um impacto negativo sobre o valor aplicado pelos portugueses neste tipo de produtos. Segundo dados do BCE divulgados no final da semana passada, o valor aplicado em depósitos a prazo pelos portugueses ascendia a cerca de 96 mil milhões de euros. Trata-se do montante mais baixo dos últimos seis anos, sendo que só nos primeiros seis meses deste ano o bolo total dos depósitos a prazo encolheu em perto de 2,7 mil milhões de euros.

Os portugueses preferem assim ter o dinheiro “empatado” na conta à ordem. Em junho, estavam aparcados nas contas à ordem da banca nacional quase 46 mil milhões de euros, o que corresponde ao valor mais elevado do histórico da entidade liderada por Mario Draghi, que remonta ao início de 2003.

Os produtos de poupança do Estado acabam por ser o refúgio dos portugueses que pretendem rentabilizar as suas poupanças. Em específico, os Certificados do Tesouro e as Obrigações para o retalho. De acordo com dados do Banco de Portugal, nos primeiros seis meses deste ano, o montante aplicado em Certificados do Tesouro Poupança Mais (CTPM) aumentou em 2.124 milhões de euros (+22%) face ao mesmo período de 2016. Esses aforradores deixam-se seduzir pela remuneração deste produto que, só no primeiro ano de aplicação, garante uma taxa bruta de 1,25%. Nos quatro anos seguintes a remuneração sobe gradualmente para atingir um valor médio de 2,25%, em termos brutos, nos cinco anos de aplicação.

As obrigações para o retalho também têm captado muitas poupanças dos portugueses. A última emissão de Obrigações para o Retalho de rendimento Variável (OTRV), levada a cabo em julho, foi de 1.200 milhões de euros, com o montante global a não ser suficiente para satisfazer toda a procura de investidores que foram em busca da remuneração de 1,6% oferecida.

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