Banco de Portugal usa 1,1 mil milhões em provisões e evita prejuízos

Banco central registou um lucro de 2 milhões de euros em 2024, mas teve de ir 'à almofada financeira' buscar 1,1 mil milhões para evitar perdas. "Não esperaria dividendos tão cedo", avisa Centeno.

O Banco de Portugal obteve um lucro de dois milhões de euros no ano passado, mas teve de usar 1,14 mil milhões de euros da sua almofada financeira para cobrir perdas relacionadas com os ativos de política monetária. Perdas que conta ainda ter em 2025. Face à necessidade de reforçar os buffers, o governador Mário Centeno já avisou: “Não esperaria tão cedo dividendos do Banco de Portugal”.

Sem o recurso às provisões para os riscos gerais, o banco central teria registado prejuízos de 1,14 mil milhões de euros, segundo revelou o Banco de Portugal esta quarta-feira no Relatório do Conselho de Administração de 2024.

Os resultados negativos – que os outros bancos centrais também estão a registar – resultam do aperto da política monetária do Banco Central Europeu (BCE) nos últimos anos para travar a inflação. Ao subir as taxas de juro oficiais, o BCE pressionou o balanço do Banco de Portugal, fazendo com que os rendimentos dos ativos fossem inferiores aos custos com os passivos – o chamado mismatch de taxas de juro.

Em conferência de imprensa, Clara Raposo, vice-governadora, antecipa que os resultados do Banco de Portugal venha novamente a ser pressionados por esta situação em 2025, mas assegurou que a instituição dispõe de buffers que considera serem “adequados” para cobrir as perdas.

Em 2026 poderá regressar resultados positivos, mas Clara Raposo destacou que o elevado nível de incerteza pode mudar as contas.

“Não esperaria tão cedo dividendos do Banco de Portugal”

No final do ano passado, o Banco de Portugal ainda tinha uma almofada de 1,7 mil milhões de euros, mas bem abaixo dos 3,9 mil milhões que tinha em 2022.

Perante este cenário, Mário Centeno – cujo mandato termina em julho – referiu que, quando voltar ao lucros, o Banco de Portugal vai ter de reforçar a almofada e por isso deixou o aviso ao ministro das Finanças: “Não esperaria tão cedo dividendos do Banco de Portugal.”

Sobre a escolha do próximo governador, Centeno é esquivo, embora no passado já tenha manifestado a vontade de continuar. “A decisão está institucionalmente muito bem delimitada. Tem decorrido no passado com toda a estabilidade, não prevejo que aconteça algo de diferente”, disse hoje.

O relatório foi apresentado nas novas (e temporárias) instalações do Banco de Portugal no Edifício Álvaro Pais (antigo edifício Marconi) em Entrecampos, Lisboa.

O supervisor acabou de anunciar que vai concentrar toda a sua atividade no novo edifício que está a ser construído nos antigos terrenos da Feira Popular e que comprou à seguradora Fidelidade por 190 milhões de euros.

(Notícia atualizada às 12h56)

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