Empresa autónoma ou marca da americana Carrier? “Integração ainda está numa fase inicial”, diz Addvolt

Novos donos de Palm Beach deram apenas garantias da passagem dos 65 trabalhadores para o grupo internacional e de crescimento "nos próximos meses", sobretudo nas áreas de engenharia e suporte.

A empresa portuguesa Addvolt, que é um caso de sucesso mundial na área das baterias para camiões de frio, está a ser integrada no grupo norte-americano Carrier, mas o futuro da sua estrutura permanece incerto. A garantia é que a gestão se mantém nacional durante a fase de transição e todos os 65 colaboradores passam a fazer parte da multinacional, continuando a trabalhar a partir da sede em São Mamede de Infesta.

Fonte oficial da Addvolt diz ao ECO que existem “planos para crescer nos próximos meses”, sobretudo nas áreas de engenharia e suporte internacional, contribuindo para o desenvolvimento da divisão de Soluções de Climatização para Transporte da Carrier, sediada em Palm Beach.

Questionada sobre se o plano dos novos donos é manter a empresa autónoma ou funcionar como uma marca do grupo internacional, a Addvolt referiu apenas que está “ainda numa fase inicial do processo de integração”.

Continuamos comprometidos com uma integração suave e com a entrega de soluções inovadoras e um serviço de excelência aos nossos clientes”, garantiu, sem se comprometer com quaisquer hipóteses.

Bruno Azevedo continuará a liderar a equipa da Addvolt durante a integração na Carrier”, refere a Addvolt. O gestor português está a reportar a Victor Calvo, vice-presidente e diretor-geral da Carrier Transicold Truck Trailer International. Na aquisição que a Carrier fez antes desta, a do grupo alemão Viessmann, a liderança confirmou no mesmo dia que a empresa se manteria como um “family business independente”, o que não aconteceu neste caso.

A estratégia de investimento na operação em Portugal também permanece uma incógnita, mas espera-se a continuação da aposta num negócio no qual a Carrier reconhece “um grande valor” tanto em termos de tecnologia como de talento. “Esperamos um apoio contínuo à inovação, desenvolvimento de talento e oportunidades de expansão como parte da estratégia de longo prazo da Carrier”, referiu.

Fundada em 2014 na Área Metropolitana do Porto, a Addvolt tem cerca de seis dezenas de trabalhadores, vendas anuais de 8,21 milhões de euros para mais de 20 mercados e resultados de 1,40 milhões de euros (2023). Tornou-se conhecida e atraiu o interesse de investidores estrangeiros por ter criado o primeiro sistema elétrico plug-in do mundo para o setor do transporte comercial refrigerado, que permite aos camiões frigoríficos, que carregam frutas, legumes, flores, vacinas ou até semicondutores, trabalharem sem necessidade deu um motor a diesel.

No podcast Liga dos Inovadores, gravado antes da aquisição, Bruno Azevedo falou sobre a importância e os primórdios do negócio que criou a partir das salas da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto. “Costumo dizer que a nossa empresa nasceu de três ingredientes: a ignorância, a coragem e o compromisso”, contou o CEO e engenheiro eletrotécnico. E deixou um desafio aos ouvintes: “Imaginem o motorista a dormir dentro do camião e o motor a diesel a roncar para refrigerar”.

Bruno Azevedo recordou que a história da empresa – ainda antes de ser uma spin-off – começou no momento em que se apercebeu da problemática que significava este ronco e quis, com os colegas de curso, desenvolver uma alternativa. Mais tarde, em plena pandemia, os fundadores – Bruno Azevedo e Rodrigo Pires – foram nomeados pela revista Forbes para o ranking dos 30 melhores talentos europeus com 30 anos de idade ou menos.

A Carrier, através do braço de capital de risco, tinha uma participação minoritária de 10% na Addvolt e, dada a boa performance do investimento, acabou por aumentar a posição para 100%. Só entre 2021 e 2022, a Addvolt viu o volume de negócios quase duplicar para 9,7 milhões de euros.

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