Economistas da Fitch: Sondagens dão mais força ao PS para negociar Orçamento
A unidade de análise económica da agência de rating Fitch prevê que o PS ganhe o braço de ferro com o PCP e o BE no Orçamento do Estado para 2018.
Os números do Partido Socialista nas sondagens dão maior força negocial ao Governo perante os seus parceiros parlamentares. É esta a análise feita pelos economistas da BMI Research numa nota divulgada esta quarta-feira. A unidade da Fitch considera que a queda do Executivo fruto de uma disputa orçamental seria negativo para o PCP e o BE.
“Ainda que a pressão sobre os socialistas esteja a aumentar [greves como a da Autoeuropa, exemplificam], a posição forte que têm nas sondagens sugere que vão ter uma força negocial muito superior à dos seus aliados governamentais”, escrevem os analistas, referindo que as eleições autárquicas de dia 1 de outubro podem vir a dar uma “indicação concreta do apoio dos eleitores” ao PS.
Assim, os especialistas esperam que a estabilidade política continue “intacta” no processo de negociação do Orçamento do Estado para 2018. O relatório assinala a subida de Portugal no índice de risco político, aproximando-se da média da zona euro e superando os valores do anterior Governo. Depois da fase de maior instabilidade, entre novembro de 2015 e novembro de 2016, o atual Executivo está agora numa fase de menor risco, segundo o gráfico da BMI Research.
“O Partido Socialista desafiou a maioria das expectativas de instabilidade e fraqueza, mantendo-se bem posicionado para governar até à realização das próximas eleições“, afirma a BMI Research, assinalando a subida nas sondagens de 32% de votação em 2015 para 42% em julho e agosto deste ano. Os economistas referem que esta subida penalizou tanto o PSD e o CDS como o PCP e o BE.
A posição forte que têm nas sondagens sugere que vão ter uma força negocial muito superior à dos seus aliados governamentais.
O relatório admite que existe “tentação” para o Governo pedir eleições antecipadas e ganhar mais lugares no Parlamento, “uma vez que a economia não irá melhorar muito mais”. Além de prever que o PIB não vá acelerar mais, a unidade da Fitch refere alguns pontos de tensão na atual solução governativa: a época de incêndios, a onda de demissões e as greves como a da Autoeuropa.
Já esta terça-feira, a unidade de análise económica da Fitch tinha alertado que o emprego vai deixar de contribuir tanto para o PIB como até agora. Apesar de ter revisto em alta o crescimento económico para 2017 e 2018, a BMI Research estima que o PIB desacelere se a produtividade do país não começar a crescer.
Neste momento, o Governo está a negociar o Orçamento do Estado para 2018 com o PCP, PEV e BE, cujo documento final deverá ser entregue a 13 de outubro. Os parceiros parlamentares do Executivo exigem várias medidas de devolução de rendimentos, nomeadamente através de várias alterações nos escalões do IRS — o Governo já prometeu alívio fiscal para 1,6 milões de euros de agregados. Outro dos fatores de instabilidade é o tema das cativações onde o BE pode juntar-se à direita para criar problemas à execução orçamental de Mário Centeno.
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