Como a má gestão das férias da Ryanair trocou as voltas às suas
Daqui até ao final de outubro, a Ryanair vai cancelar mais de dois mil voos. Deixamos cinco perguntas e respostas para perceber o que se passa.
A partir desta quinta-feira, 21 de setembro, e até ao final de outubro, a Ryanair vai cancelar mais de dois mil voos, por não ter pilotos suficientes para operá-los. Em causa, uma má gestão das férias dos pilotos, que acabaram por ficar muito concentradas num espaço de seis semanas.
O que está em causa?
Há dois fatores que explicam a necessidade de cancelar voos: férias e limitações ao tempo de voo dos pilotos. No primeiro caso, o que aconteceu foi uma má gestão. Este ano, a Ryanair impôs que as férias dos pilotos e pessoal de bordo só poderiam ser tiradas em nove meses do ano — de fora ficavam os meses de verão. A falta de organização acabou por levar ao caos que a Ryanair atravessa agora:
“Fizemos asneira com a marcação de férias, tentando concedê-las em setembro e outubro, numa altura em que ainda estamos a operar a maioria do horário de verão”, admitiu Michael O’Leary, o presidente executivo da companhia irlandesa. Ou seja: se nos meses de verão a Ryanair estava até com excesso de pilotos, porque estes não puderam tirar férias, uma boa parte deles acabou por tirar férias num período muito concentrado de seis semanas.
Por isso, a Ryanair tentou pagar aos pilotos para abdicarem destas férias. Mas não só os pilotos não aceitam a proposta, como, mesmo que quisessem fazê-lo, em muitos casos, estão legalmente impedidos. Isto porque as limitações ao tempo de voo preveem que um piloto só possa voar um máximo de 100 horas em 28 dias, o equivalente a 900 horas num ano civil.
A solução proposta para os pilotos
Para evitar situações semelhantes no futuro, a Ryanair propôs pagar aos pilotos um bónus anual de 12 mil euros e um bónus de seis mil euros aos copilotos. Em troca, pedem que os trabalhadores abdiquem de dez dias de descanso no próximo ano, o que levará a que voem um total de 800 horas.
A maioria dos pilotos, escreve o Irish Independent, deverá rejeitar esta proposta.
Quais os voos afetados?
Sem pilotos suficientes, e com a justificação oficial de querer melhorar a pontualidade, a Ryanair vai cancelar 40 a 50 voos por dia até ao final de outubro. Ao todo, são cerca de 2.000 voos, dos quais 346 são de e para Portugal. Por cá, Lisboa e Porto são os aeroportos mais afetados. É o aeroporto Francisco Sá Carneiro que se sentirá o maior impacto. “Há um volume de cancelamentos no Porto superior ao resto do país uma vez que esta é uma das nossas maiores bases Europeias e este acabou por ser um dos critérios na seleção de rotas a cancelar, já que nos permite oferecer mais alternativas de voos”, justifica fonte oficial da Ryanair.
O que acontece aos passageiros?
A Ryanair dá conta de que “todos os passageiros afetados já foram contactados por email ou SMS, de forma a conhecer as suas opções de reembolso ou remarcação de voo, sempre com possibilidade de compensação, ao abrigo da norma EU261”.
São essas as opções: remarcar, cancelar e pedir o reembolso ou pedir uma indemnização.
No caso de quererem remarcar, como noticia esta quarta-feira o Jornal de Notícias (acesso pago), os passageiros estão a ser obrigados a pagar de novo taxas de bagagem e de marcação de lugares, que já tinham sido pagas para os voos que foram cancelados. A Ryanair esclarece, contudo, que isso se deve a um “erro de sistema” e que estes clientes podem pedir o reembolso destas taxas.
Quanto é que a Ryanair vai pagar por isto?
Entre reembolsos, indemnizações e taxas aeroportuárias, o cancelamento destes voos vai ter um custo considerável para a Ryanair. A companhia aérea prevê um impacto financeiro de cerca de 25 milhões de euros, dos quais cerca de 20 milhões relativos apenas a compensações aos passageiros.
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