CGD no défice? Moody’s vê “impacto limitado” no rating de Portugal
A agência de notação financeira desvaloriza o eventual impacto da CGD no défice. O que importa é a tendência sem efeito de medidas extraordinárias, diz Evan Wohlmann.
Mesmo que a recapitalização da Caixa Geral de Depósitos (CGD) empurre o défice orçamental de 2017 para mais de 3% do PIB, isso não preocupa a agência de rating Moody’s. O impacto no racional do défice é “limitado,” diz a agência, em declarações ao ECO.
“A inclusão potencial dos custos da recapitalização da CGD (que podem atingir no máximo 2,1% do PIB) nos cálculos da Comissão Europeia pode elevar o défice de Portugal para mais de 3% do PIB,” reconhece Evan Wohlmann, vice-presidente e analista sénior da Moody’s e o responsável pelo acompanhamento de Portugal, ao ECO.
O impacto no perfil de crédito de Portugal é limitado. (…) O défice orçamental subjacente, excluindo impactos temporários do setor bancário, tem vindo numa tendência descendente desde 2010.
“Contudo, o impacto no perfil de crédito de Portugal é limitado já que a recapitalização foi pré-financiada em 2016 e já impactou a dívida pública no ano passado,” argumenta Evan Wohlmann. “Efetivamente, o défice orçamental subjacente, excluindo impactos temporários do setor bancário, tem vindo numa tendência descendente desde 2010, o que justificou a nossa alteração da perspetiva de rating da dívida portuguesa Ba1 para positiva,” soma.
Estas declarações do responsável da Moody’s foram feitas ao ECO na quinta-feira, ainda antes de terem sido revelados os dados do Instituto Nacional de Estatística (INE) que reforçam a tendência de diminuição do défice. No primeiro semestre de 2017, o défice foi de 1,9%, abaixo do valor registado no mesmo período do ano passado. O INE reviu ainda a taxa de crescimento do segundo trimestre em alta, para 3%.
Este valor não contabiliza ainda o potencial impacto da recapitalização da Caixa, cujas discussões técnicas entre o INE e o Eurostat continuam. Tal como o Eurostat disse à Lusa, a decisão deverá ser revelada “nas próximas semanas.”
Também esta sexta-feira Mário Centeno, ministro das Finanças, desvalorizou o impacto de um eventual registo da operação no défice, frisando que tal não será relevante para a avaliação que a Comissão Europeia faz do desempenho orçamental de Portugal. O mesmo frisou António Costa, primeiro-ministro, que argumentou que “não é uma questão de compreensão”, mas antes uma questão que “faz parte das regras.”
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