Último ano de Passos empurra PIB de Costa para 3%

  • Margarida Peixoto
  • 22 Setembro 2017

O que é que fez a diferença de uma décima no crescimento do segundo trimestre de 2017? O INE diz que o principal contributo foi a revisão em alta do PIB de 2015.

O Instituto Nacional de Estatística (INE) reviu em alta, pela segunda vez, o crescimento do PIB do segundo trimestre de 2017. Na estimativa apresentada esta sexta-feira, o PIB cresceu 3%, o valor mais alto dos últimos 17 anos. O que justificou esta melhoria? Fundamentalmente, a revisão do crescimento de 2015.

Perante a notícia de que Portugal cresceu 3% entre abril e junho, Passos Coelho apressou-se a desvalorizar e colocou a tónica na revisão do crescimento de 2015: em vez de 1,6%, afinal a economia avançou 1,8%. Já António Costa preferiu sublinhar que estes trimestres não devem ser vistos como “exceção, mas como regra.” Mas como é que o PIB chegou a 3%?

Não foi o ritmo de criação de riqueza registado no último ano da governação de Passos Coelho que colocou Portugal a crescer 3% em 2017. Antes desta revisão, já se estimava um crescimento de 2,9%. Mas foi uma revisão em alta do valor de 2015 que fez a diferença desta décima — a décima que permite atingir o patamar psicológico dos 3%.

“Com efeito, um dos contributos mais relevantes para as revisões efetuadas em 2016 e 2017 foi a incorporação dos resultados finais para 2015 das Contas Nacionais Anuais (com informação mais detalhada e robusta), que determinou alterações ao nível da composição do PIB, o que tem implicações nas estimativas para os períodos mais recentes,” respondeu fonte oficial do INE, ao ECO.

Traduzindo: o INE tem agora mais informação sobre o ano de 2015. Essa informação engordou o PIB desse ano em 305 milhões de euros, um valor para o qual a variação dos preços praticamente não contribuiu. O principal contributo foi a revisão em alta do investimento. O consumo público também ajudou, mas o consumo das famílias, as exportações e as importações tiraram valor ao PIB nesta revisão.

Esta revisão em alta de 2015 (a que atirou o crescimento para os tais 1,8% que Passos quis sublinhar) refletiu-se em 2016. Na verdade, o crescimento do ano passado também subiu dos anteriores 1,4% para 1,5%. Aqui houve algum contributo da atualização de informação sobre as administrações públicas e do comércio internacional, mas não terá sido tão determinante. O INE adianta que a melhoria foi praticamente toda via investimento, tendo-se registado apenas ligeiros contributos das importações e do consumo das administrações públicas.

Ora, estas alterações ao nível da composição do PIB refletem-se também em 2017, empurrando o PIB aquela décima que faltava para os 3%.

Revisão do PIB: antes e depois

Fonte: INE

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