A Fitch e a S&P também não querem saber se a CGD vai ao défice

  • Margarida Peixoto
  • 30 Setembro 2017

Nenhuma das três maiores agências de rating valoriza de forma significativa um eventual impacto da recapitalização da Caixa Geral de Depósitos no défice.

A Standard & Poor’s e a Fitch juntam-se à Moody’s e desvalorizam um eventual impacto da recapitalização da Caixa Geral de Depósitos (CGD) no défice de 2017. As três maiores agências de notação de risco garantem que a avaliação da dívida soberana portuguesa não sofre com uma decisão desfavorável de Bruxelas.

“Neste momento não incluímos qualquer impacto estatístico potencial da recapitalização da CGD no défice orçamental, porém as nossas projeções de dívida pública bruta e líquida já o incorporam,” explicam os analistas da S&P, ao ECO. “Por isso, um ajustamento no défice por causa dos custos da recapitalização não terá quaisquer implicações para as nossas projeções de dívida pública nem para a nossa avaliação das finanças públicas,” garante a S&P.

Um ajustamento no défice por causa dos custos da recapitalização não terá quaisquer implicações para as nossas projeções de dívida pública nem para a nossa avaliação das finanças públicas.

Standard & Poor's

Analistas para Portugal

A S&P foi a primeira das três grandes agências de notação de crédito a retirar a dívida da República do lixo, voltando a classificá-la com grau de investimento.

“Isto [um eventual impacto negativo da recapitalização da CGD no défice] não muda a nossa avaliação das finanças públicas de Portugal,” garantem também os analistas da Fitch, ao ECO. “Nas nossas últimas previsões para o défice orçamental tínhamos já antecipado que o Eurostat tomaria essa decisão e foi por isso que a nossa projeção era a de um aumento do défice em 2017 para 2,8% do PIB, dos 2% em 2016,” explicam.

Isto [um eventual impacto negativo da recapitalização da CGD no défice] não muda a nossa avaliação das finanças públicas de Portugal.

Fitch

Fonte oficial

A Fitch recorda que no relatório de julho estimou que o impacto seria de 1,1% e que, excluindo esta transferência de capital, o défice deste ano seria de 1,7%. Mas tal como a S&P, nota que o financiamento para a recapitalização foi desde logo realizado em 2016 e que por isso o impacto na dívida já se fez sentir no ano passado.

“Não há impacto desta injeção e/ou da decisão do Eurostat na dívida pública de 2017,” reforçam os analistas. “Em certa medida, esta é sobretudo uma decisão ‘contabilística’. O que que importa para nós é a tendência subjacente do défice orçamental,” argumentam. E a Fitch espera que este se “reduza para 1,4% em 2018 e 1,3% em 2019,” sublinha.

A Moody’s também já tinha garantido ao ECO que não daria relevância a um eventual efeito negativo da injeção de capitais públicos no défice. Para a Moody’s esta eventualidade tem um impacto no perfil de crédito “limitado”.

No máximo, estarão em causa quase quatro mil milhões de euros, o equivalente a 2,1% do PIB. Assumindo que o Governo cumpre a meta de 1,5% estabelecida para 2017, uma inclusão da totalidade deste montante nas contas implicaria registar um défice de 3,6%, acima do limite estabelecido pelo Tratado Orçamental. Tal como explicou ao ECO o Instituto Nacional de Estatística, o assunto ainda está em análise juntamente com os peritos do Eurostat. A decisão das autoridades estatísticas deverá ser conhecida nas próximas semanas.

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