Enfermeiros querem aumento mínimo de 400 euros. Ministro diz que é “incomportável”
O Governo tinha proposto a atribuição de um subsídio imediato de 150 euros para os enfermeiros especialistas. Os enfermeiros querem, no mínimo, 400 euros, o ministro recusa.
Os enfermeiros podem voltar à greve a 16 de outubro caso o Governo não satisfaça um conjunto de reivindicações entregues à tutela e que incluem um aumento mínimo de 400 euros para todos os profissionais, segundo fonte sindical. O ministro da Saúde, Adalberto Campos Fernandes, já adiantou que essa proposta é “absolutamente incomportável” do ponto de vista orçamental.
José Azevedo, dirigente do Sindicato dos Enfermeiros (SE), falava à Lusa no final de uma reunião com o secretário de Estado da Saúde, Manuel Delgado, a quem foi entregue um caderno reivindicativo, no âmbito das negociações em curso e que até agora não têm chegado a bom porto.
Segundo o dirigente de SE, os enfermeiros exigem a resolução imediata das faltas injustificadas que foram marcadas aos enfermeiros que participaram na greve que decorreu entre 11 e 15 deste mês, alegadamente por o protesto ter sido marcado de forma irregular.
O horário de 35 horas para todos os enfermeiros e o retomar das negociações do acordo coletivo foram outras das reivindicações apresentadas pela Federação Nacional dos Sindicatos de Enfermeiros (FENSE), da qual faz parte o SE e o Sindicato Independente dos Profissionais de Enfermagem (SIPE).
A outra exigência está relacionada com o valor do aumento, com a FENSE a exigir um valor mínimo de 400 euros “para todos os enfermeiros” e não apenas para os enfermeiros especialistas.
Para o ministro da saúde, as propostas que algumas estruturas sindicais têm feito, nomeadamente os enfermeiros, “são na sua maioria sensatas, mas algumas não o são” devido ao impacto orçamental. Considera, por isso, que as expectativas dos profissionais são “legítimas”, mas assinala que não devem ser “irrealistas”.
O Governo tinha proposto a atribuição de um subsídio imediato de 150 euros para os enfermeiros especialistas, uma medida transitória até à negociação das carreiras em 2018, a qual não foi aceite.
Para José Azevedo, nem o valor do subsídio, nem o facto de ser apenas para os enfermeiros especialistas, merece o acordo da FENSE.
Segundo o dirigente sindical, caso o governo não responda positivamente a estas reivindicações, até sexta-feira, será marcada uma nova greve de cinco dias, a partir de 16 de outubro.
“Para já avançaremos com uma greve de cinco dias, a qual poderá depois passar a tempo indeterminado”, disse.
Adalberto Campos Fernandes sublinhou a sua disponibilidade para debater o novo acordo de trabalho coletivo, mas propôs que a discussão se tivesse só depois da entrega do Orçamento de Estado, exatamente a 16 de outubro.
O ministro da Saúde disse que a tutela “tudo fará até ao último minuto para que o acordo exista” e acredita que “o bom senso vai prevalecer. No entanto, frisou que bom senso não significa “ceder a propostas irrealistas nem ceder em condições que são insuportáveis para o conjunto do Estado e dos portugueses”.
Está marcada uma outra greve de enfermeiros, convocada por um outro sindicato (Sindicato dos Enfermeiros Portugueses), para os dias 3, 4 e 5 de outubro.
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