Dez mortos nos incêndios. “Problemas” vão repetir-se, diz António Costa

  • Lusa e ECO
  • 16 Outubro 2017

O primeiro-ministro afirma que nunca haveria bombeiros suficientes num dia com 523 incêndios. Segura a ministra e alerta que não há soluções mágicas para os fogos. Dez mortos confirmados.

O primeiro-ministro sustenta que não há bombeiros que cheguem num dia com 523 incêndios, como neste domingo, naquele que foi o pior dia de incêndios do ano, provocando dez mortos, segundo a SIC. António Costa advertiu ainda que não há soluções mágicas para os fogos florestais, admitindo mesmo que os “problemas” vão repetir-se. E, por isso, diz mesmo que é “infantil” transformar as consequências políticas numa demissão da ministra Constança Urbano de Sousa. Segundo o site da Autoridade Nacional de Proteção Civil, estão ainda ativos 90 incêndios, que estão a ser combatidos por mais de 4.000 veículos e mais de 1.000 operacionais.

António Costa assumiu estas posições no Comando Nacional de Operações de Socorro da Autoridade Nacional de Proteção Civil, em Oeiras, distrito de Lisboa, tendo ao seu lado a ministra da Administração Interna, Constança Urbano de Sousa. Confrontado com as múltiplas queixas de populações sobre falta de meios no combate aos incêndios florestais no domingo, o líder do executivo reagiu: “Quando se tem 523 incêndios, é evidente que não há bombeiros para acorrerem a todas as situações”.

Perante a questão se estas tragédias são então uma inevitabilidade em Portugal, António Costa negou. “Não, não é uma inevitabilidade”, mas “dias com mais de 500 ocorrências não se registava desde 2006. Este é o 22.º dia com maior número de ocorrências desde o princípio do século. E, portanto, é evidente que não há meios para acorrer a todas as necessidades”, justificou.

Há ainda 90 incêndios ativos em Portugal

Fonte: Autoridade Nacional da Proteção Civil

Falando em termos de médio prazo, o primeiro-ministro afastou então qualquer solução rápida para o problema dos incêndios florestais – “um problema que seguramente se vai repetir”. Dirigindo-se aos jornalistas, o líder do executivo declarou: “Se os senhores julgam que há alguma solução mágica para que se produzam efeitos na reforma da floresta, estão completamente enganados”.

O pior dia de incêndios do ano. No domingo, dia 15 de outubro, mais de 300 fogos florestais, mais de 20 estradas cortadas, dezenas de pessoas encurraladas, como sucedeu na IP3, mais de seis mil operacionais envolvidos e pelo menos já contabilizadas cinco mortes, duas em Penacova, no Distrito de Coimbra, duas em Oliveira do Hospital e uma na Sertã, em Castelo Branco. Há também, pelo menos 25 feridos. O Jornal de Notícias dava também conta de uma sexta vítima mortal, indireta, por ter entrado em contramão na autoestrada A25, na tentativa de fugir às chamas.

Pior domingo de incêndios do ano

Ao fim da tarde deste domingo, a adjunta de operações nacional da Autoridade Nacional da Proteção Civil (ANPC) Patrícia Gaspar já tinha afirmado que este domingo “foi o pior dia do ano em matéria de incêndios”, tendo sido ultrapassados os 300 fogos florestais. “Já ultrapassámos os 303 incêndios desde a meia-noite”, afirmou Patrícia Gaspar, no ‘briefing’ das 17h30 aos jornalistas, sublinhando que estavam àquela hora “todos os meios disponíveis empenhados no combate aos incêndios”. E piorou.

No segundo ‘briefing’ à comunicação social, que ocorreu pelas 22h00, a adjunta de operações nacional disse que ainda estavam 108 fogos ativos e, desses, 33 eram de “importância elevada”, pela sua duração, pelos meios que concentram e “pela complexidade no terreno”. “Estamos perante um cenário operacional de elevada complexidade. Temos todos os meios do terreno para fazer os possíveis e impossíveis [para apagar as chamas]. Lançava novamente um apelo: estamos ainda durante o período crítico da defesa de floresta. O uso do fogo [nesta fase] é proibido“, disse Patrícia Gaspar, na sede na ANPC, em Oeiras, distrito de Lisboa.

O incêndio da Lousã foi o que mobilizou nesta noite de domingo mais meios no país (mais de 500 operacionais), estando os fogos de Alcobaça, Seia e Vale de Cambra a ser combatidos por mais de 300 operacionais cada um.

De acordo com a página oficial da Autoridade Nacional da Proteção Civil, às 20h15, o fogo que teve início pelas 08h40 na localidade de Vilarinhos, concelho da Lousã, distrito de Coimbra, era o que mobilizava mais operacionais – um total de 514, apoiados por 140 veículos e um helicóptero. Doze horas depois de ter deflagrado, tinha ainda duas frentes ativas.

Os dois fogos no concelho de Seia, no distrito da Guarda, eram combatidos por um total de 446 operacionais, apoiados por 138 veículos. Neste concelho um incêndio teve início em Sandomil às 10h26 e outro no Sabugeiro às 06h00 (sendo este o que tem maior número de operacionais). Continuavam, cada um, com quatro frentes ativas.

No concelho de Alcobaça (distrito de Leiria), destaque para dois incêndios (que tiveram início às 13h50 e às 14h30 em Praia da Légua e Burinhosa, ambos na freguesia de Pataias e Martingança). Estes fogos tinham duas frentes ativas e eram combatidos por um total de 307 operacionais, 89 veículos e um helicóptero.

Em Vale de Cambra, distrito de Aveiro, as chamas eram combatidas por 300 operacionais, apoiados por 93 veículos. Este fogo teve início às 07h15 e tinha ainda duas frentes ativas.
O incêndio da Sertã, distrito de Castelo Branco, estava a ser combatido por 278 operacionais, apoiados por 83 veículos.

Destaca-se ainda o fogo em Tomar, distrito de Santarém, que pelas 20h15 estava a ser combatido por 187 operacionais, apoiados por 51 veículos e um meio aéreo.

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