Ministra pediu “insistentemente” para sair após Pedrógão
A ministra da Administração Interna quis sair logo a seguir a Pedrógão, mas Costa não deixou. Agora, o primeiro-ministro aceitou o pedido. Leia a carta de Constança Urbano de Sousa.
Constança Urbano de Sousa apresentou a sua demissão ao primeiro-ministro. A agora ex-ministra da Administração Interna viu o seu pedido para abandonar a pasta aceite por António Costa, mas só à segunda vez. Logo depois de Pedrógão Grande, diz que pediu “insistentemente” para sair do Governo, mas Costa não deixou. Agora, por “não ter condições políticas e pessoais”, Constança Urbano de Sousa sai, “até para preservar a dignidade pessoal“.
Leia aqui a carta de demissão da ministra da Administração Interna enviada ao primeiro-ministro:
“Logo a seguir à tragédia de Pedrógão Grande pedi, insistentemente, que me libertasse das minhas funções e dei-lhe tempo para encontrar quem me substituísse, razão pela qual não pedi, formal e publicamente, a minha demissão. Fi-lo por uma questão de lealdade.
Pediu-me para me manter em funções, sempre com o argumento que não podemos ir pelo caminho mais fácil, mas sim enfrentar as adversidades, bem como para preparar a reforma do modelo de prevenção e combate a incêndios florestais, conforme viesse a ser proposto pela Comissão Técnica Independente. Manifestou-me sempre a sua confiança, o que naturalmente reconheço e revela a grandeza de caráter que sempre lhe reconheci.
Desde junho de 2017, aceitei manter-me em funções apenas com o propósito de servir o país e o Governo que lidera, a que tive a honra de pertencer.
Durante a tragédia deste fim de semana, voltei a solicitar que, logo após o seu período crítico, aceitasse a minha cessação de funções, pois apesar de esta tragédia ser fruto de múltiplos fatores, considerei que não tinha condições políticas e pessoais para continuar no exercício deste cargo, muito embora contasse com a sua confiança.
Tendo terminado o período crítico desta tragédia e estando já preparadas as propostas de medidas a discutir no Conselho de Ministros Extraordinário de dia 21 de outubro, considero que estão esgotadas todas as condições para me manter em funções, pelo que lhe apresento agora, formalmente, o meu pedido de demissão, que tem de aceitar, até para preservar a minha dignidade pessoal.”
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