Novo Banco? “Sabemos como é que se lida com este tipo de casos”

Maria João Carioca, a presidente da Euronext Lisboa, diz que tem as ferramentas para receber o Novo Banco. "É um ativo a que se reconhece a natureza especial, mas que se pode trazer a mercado", diz.

Para onde vai o Novo Banco? Se o futuro do banco que resultou da resolução do BES passar pelo mercado de capitais, Maria João Carioca diz que a bolsa está pronta para o receber. “A porta está aberta. A máquina está a funcionar”, refere a presidente da bolsa de Lisboa. E há investidores que podem estar interessados.

Do BES resultou o Novo Banco. Espera que possa entrar no mercado?

Não faço a gestão desse processo pelo que não me vou pronunciar sobre ele. Aquilo que foi a nossa [Euronext Lisboa] preocupação foi a de garantir que há ferramentas de mercado que possam servir o Novo Banco. Tem algumas especificidades o que, ainda assim, não impede que haja ferramentas de mercado, compartimentos de mercado que podem ser criados para possibilitar que um título com essas características venha a mercado. E a nossa preocupação foi garantir que estão ativos.

E há essas condições?

Neste momento, as condições estão todas lá. O Novo Banco, ou qualquer outro ativo em condições idênticas, pode fazer um percurso normal dentro de um compartimento especial que está configurado para garantir que um determinado tipo de investidores lhe tem acesso. É um ativo a que se reconhece a natureza especial, mas que ainda assim se traz a mercado. Pode trazer-se. O nosso papel é esse.

A porta está aberta...

A porta está aberta. A máquina está a funcionar. Sabemos como é que se lida com este tipo de casos. Essa é a parte boa de pertencer à Euronext, a um grupo que vai além do mercado português. Os investidores institucionais já conhecem. Este é o nosso trabalho. Não tem nada a ver com o percurso que tem de ser feito de entender o que se quer fazer com o banco.

E há investidores estrangeiros a apostar em Portugal? Alguns foram bastante penalizados.

É óbvio que as características do título são muito relevantes para formar a liquidez que cada título tem. Eu, se olhar para as empresas que estão no PSI-20, vejo histórias perfeitamente diferentes de liquidez e volumes porque as características em determinado momento estão alinhadas com a maior liquidez no mercado internacional.

Mas temos investidores?

É um copo meio cheio, copo meio vazio. É óbvio que termos histórias complicadas para contar não facilita. E é óbvio que há um conjunto de investidores que tinham peso no mercado português que têm crivos que são, atualmente, mais difíceis de superar: o risco-país teve, nos últimos anos, uma série de eventos e tem uma exposição que em alguns momentos é complexa. Alguns dos nossos títulos estão vedados a alguns dos nossos investidores. Dito isto, continuamos a ver classes de investidores que percebem o tipo de risco, o desempenho da nossa economia. O mercado não está fechado. Requer uma atenção especial.

Quer dizer que nestes três/quatro meses que está à frente da bolsa trabalhou 24 horas para dar essa atenção especial?

Costumo dizer que detesto supermulheres. Se lhe dissesse que eram 24 horas estava a fingir que era uma supermulher. Há muito trabalho para fazer, é um desafio profundo. O meu cérebro tem o tema presente 24 horas por dia. Mas mesmo nestas alturas temos de ter capacidade para ter os equilíbrios que a nossa vida precisa para que eu mais do que estar 24 horas durante três meses possa estar 12 horas durante quatro anos.

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