Cidadãos forçados a sair? “É inimaginável”, diz Boris Johnson
O ministro dos Negócios Estrangeiros veio a Portugal para reunir com governantes, mas também com empresários e outras personalidades. Boris Johnson garantiu que quer proteger os direitos dos cidadãos.
“Não consigo imaginar um cenário em que esses cidadãos [estrangeiros] serão obrigados a sair. É inimaginável”, classificou o ministro dos Negócios Estrangeiros britânico numa conferência de imprensa conjunta com o seu homólogo português. Em Lisboa, Boris Johnson pediu a ajuda de Portugal para que as negociações com a União Europeia acelerem. Os direitos dos cidadãos são a prioridade das conversações, garantiu Augusto Santos Silva.
Este foi o terceiro encontro entre os dois responsáveis pelas relações externa de Portugal e do Reino Unido, países que juntos têm uma aliança de séculos — um dos factos mais recordados durante as respostas de ambos. Boris Johnson recorreu até a um peculiar ponto para demonstrar que esta “é uma história de sucesso sem interrupções”: a personagem fictícia cinematográfica James Bond foi “intelectualmente concebida no Estoril”, afirmou o ministro dos Negócios Estrangeiros britânico.
Pormenores à parte, Boris Johnson tinha uma mensagem clara a deixar: “no espírito da aliança entre Portugal e o Reino Unido”, disse, fez o pedido ao Governo português para ajudar na aceleração das negociações em Bruxelas. “Temos de chegar a um acordo, mas não conseguimos chegar lá com os atrasos dos nossos parceiros europeus”, criticou o ministro britânico, referindo que quer passar à segunda fase das negociações. A sua prioridade, garantiu, é também assegurar os direitos dos cidadãos europeus e britânicos “o mais rapidamente possível”.
Do lado português, Augusto Santos Silva garantiu que “o Brexit não será o colapso da aliança, pelo contrário, vai aumentar a responsabilidade para melhorar as nossas relações bilaterais“. Os dois homólogos asseguraram estar a trabalhar nesse sentido e nem a estrutura de missão que o Governo português tem em marcha para atrair empresas que queiram sair do Reino Unido beliscou a relação.
Temos de chegar a um acordo, mas não conseguimos chegar lá com os atrasos dos nossos parceiros europeus.
“No primeiro semestre o investimento britânico em Portugal subiu muito e esperamos que continue a subir”, disse o ministro dos Negócios Estrangeiros português, argumentando que o país é a melhor alternativa para as empresários que queiram sair do Reino Unido, mas que querem continuar próximas dos britânicos. Em reação, Boris Johnson fez questão de dizer que é favor do “comércio livre” e que é “fantástico” que haja investimento britânico em Portugal. “O que é bom para Portugal é bom para o Reino Unido“, concluiu.
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O único vestígio público da visita de Boris Johnson a Portugal foi o encontro bilateral com Augusto Santos Silva. No Ministério dos Negócios Estrangeiros, os dois homólogos discutiram o processo negocial da saída do Reino Unido da União Europeia, mas também outros assuntos da agenda internacional.
Foi no início deste mês que a primeira-ministra britânica publicou um guia legislativo para o pós-Brexit. Uma vez que o Reino Unido perde grande parte da legislação em vigor com a saída da UE, os britânicos estão já a preparar-se para iniciar uma maratona legislativa. Em Bruxelas, as negociações continuam focadas no acordo final de saída e só depois serão discutidas as relações comerciais.
(Atualizado às 13h07)
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