“Uma parte da segurança digital não tem a ver com tecnologia. Tem a ver com pessoas”
Em rescaldo da conferência sobre cibersegurança na Fundação Calouste Gulbenkian, o diretor-geral da COTEC faz o balanço: "Os custos da segurança estão a subir e isso é insustentável."
Depois da economia circular e dos problemas das pequenas e médias empresas, a COTEC escolheu debruçar-se sobre o tema da cibersegurança — mais propriamente, como gerar a inovação pensando na segurança logo à partida. Por isso, promoveu uma conferência sobre o tema em Lisboa, de onde surgiu uma certeza: “Uma parte importante da segurança digital não tem a ver com tecnologia. Tem a ver com as pessoas e com o seu comportamento”, disse ao ECO o diretor-geral da associação, Jorge Portugal.
“O futuro é digital. É cada vez mais digital e, por isso, é preciso, no desenvolvimento deste processo de transformação para negócios mais digitais, que a segurança esteja incorporada”, explicou Jorge Portugal, no final de um evento que contou com a presença de nomes de peso nesta área, como Suzanne Spaulding, ex-subsecretária do Departamento de Segurança Interna dos EUA, ou Donna Dodson, considerada este ano uma das mulheres de topo na área da cibersegurança pela CyberScoop.
Outra das certezas para Jorge Portugal é a de que “não é possível viver num mundo sem risco”. “O que é preciso é, exatamente, gerir esse risco e saber qual é o risco admissível para o benefício que vamos ter do ponto de vista de uma infraestrutura de conectividade mais digital”, sublinhou. E continuou: “Há medidas muito simples, a nível da cultura e das práticas diárias das pessoas, que podem evitar muito do risco das empresas. Estou a falar de phishing e proteção de passwords.”
A transformação digital, que está cada vez mais acelerada, tem obrigado muitas empresas a pensarem em novos modelos de negócio. No entanto, numa sociedade globalizada e com crescente conectividade, o risco de um ciberataque é uma realidade com a qual têm de lidar. A seguradora Hiscox Insurance estima que, em 2016, os ataques informáticos tenham custado 450 mil milhões de dólares à economia global.
“É evidente que os custos da segurança estão a subir e esse caminho, por si só, é insustentável. É preciso que as empresas percebam que a segurança tem de começar na própria inovação, na própria construção da transformação digital que, por força de manterem a competitividade, de aumentarem a eficiência, da necessidade de criarem novas possibilidades para servirem melhor nos mercados onde estão, vão ter de incorporar”, considerou Jorge Portugal.
"É evidente que os custos da segurança estão a subir e esse caminho, por si só, é insustentável. ”
Em jeito de balanço, o diretor-geral da COTEC entendeu que os objetivos da conferência “Innovation meets Cybersecurity: The Public-Private Challenge“ foram cumpridos. Em cima da mesa, duas questões centrais: “Como construir o business case para a cibersegurança? E qual a importância da cooperação público-privada e como aumentar essa cooperação?”, explicou o diretor. “Na nossa perspetiva, foram plenamente respondidas pela qualidade das intervenções, pela qualidade do debate e pela clareza com que certas mensagens foram passadas”, concluiu.
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