FMI: Portugal deve aproveitar bonança para construir almofada orçamental
Fundo diz que países com elevada dívida como Portugal devem aproveitar fulgor da economia para criar almofadas orçamentais e assim protegerem-se de choques no futuro, como a subida dos juros do BCE.
O Fundo Monetário Internacional (FMI) considera que Portugal deve aproveitar os tempos de maior bonança económica para reconstruir uma almofada orçamental e reforçar a capacidade de a economia crescer e absorver choques no futuro.
“Na Europa avançada, vários países têm elevados rácios de dívida pública e almofadas orçamentais limitadas, incluindo a Bélgica, França, Itália, Portugal, Espanha e o Reino Unido. Com o crescimento a acelerar, estes países devem gradualmente consolidar para reconstruir uma margem política e colocar a dívida numa trajetória descendente”, salienta a instituição liderada por Christine Lagarde num relatório publicado esta segunda-feira onde contextualiza as melhorias nas previsões económicas para o Velho Continente (e para Portugal) anunciadas no World Economic Outlook no mês passado.
No entanto, o Fundo sublinha que a redução da dívida pública “não deve comprometer a retoma económica” em curso.
O FMI vê a economia portuguesa a crescer 2,5% em 2017, desacelerando para 2% no próximo ano. Em relação à trajetória da dívida pública, o rácio deverá baixar para 125,7% do Produto Interno Bruto (PIB) este ano, reforçando a queda para 122,5% em 2018, segundo a última atualização das previsões daquele organismo internacional.
Crescimento desacelera no próximo ano
Fonte: FMI
Para o Fundo, fatores como o envelhecimento da população, o aumento das políticas protecionistas, tensões geopolíticas e menor fulgor nas exportações por causa da desaceleração chinesa adicionam incerteza em relação ao futuro. “É por isso que todos os governos europeus devem aproveitar a melhoria da economia para ajudar as suas economias a ajustarem”, argumenta.
"Na Europa avançada, vários países têm elevados rácios de dívida pública e almofadas orçamentais limitadas, incluindo a Bélgica, França, Itália, Portugal, Espanha e o Reino Unido. Com o crescimento a acelerar, estes países devem gradualmente consolidar para reconstruir uma margem política e colocar a dívida numa trajetória descendente.”
Por outro lado, no caso de países como Portugal, que apresenta um elevado nível de endividamento público, se o Governo deve adotar uma política orçamental equilibrada para não colocar em causa da criação de riqueza, deve ter em atenção que o ambiente de juros baixos está a terminar, à medida que o Banco Central Europeu (BCE) vai retirando gradualmente as medidas de estímulo na região da Zona Euro.
“Muitas economias avançadas e emergentes precisam de reduzir os ainda elevados défices orçamentais de uma forma que seja amiga do crescimento. Esta tarefa é particularmente importante para aquelas que têm uma elevada dívida pública, dado que as taxas de juro deverão aumentar ao longo do tempo”, diz o FMI.
Dívida pública baixa dos 120% do PIB em dois anos
Fonte: FMI
"Muitas economias avançadas e emergentes precisam de reduzir os ainda elevados défices orçamentais de uma forma que seja amiga do crescimento. Esta tarefa é particularmente importante para aquelas que têm uma elevada dívida pública, dado que as taxas de juro deverão aumentar ao longo do tempo.”
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