Destruir depois de ler: a privacidade de Macron nas “mãos” da Telegram

  • ECO
  • 12 Dezembro 2017

O Governo francês prefere comunicar através da aplicação gratuita pela facilidade de utilização, pela força do hábito e por não trazer custos acrescidos.

Macron usa esta app. Num cargo onde a privacidade e a discrição nas comunicações são um dos maiores requerimentos, Emmanuel Macron, assim como os seus conselheiros, comunicam através da Telegram. Trata-se de uma aplicação gratuita, desenvolvida pelo russo Pavel Durov e conhecida por eliminar as mensagens depois de recebidas. A notícia é avançada por uma fonte próxima do Governo francês à Bloomberg esta terça-feira.

O uso da Telegram pelo executivo de Macron data já de 2016, altura em que ainda era candidato à Presidência de França. Até agora, o aplicativo permanece como ferramenta de troca de mensagens técnicas ou de logística. A troca de mensagens com informações classificadas ou que comprometam a segurança do país fica de fora. Um dos oficiais do Governo francês relata à mesma fonte que, caso houvesse trocas de informações mais sensíveis, estas passariam a ser feitas a partir de criptofones, isto é, smartphones que impedem a interceção das suas comunicações.

Entrevistados pela Bloomberg News, oficiais do Eliseu referem que usam o Telegram Messenger pela facilidade de uso, pela força do hábito, e pela isenção de custos.

“Os políticos deveriam usar ferramentas certificadas para as comunicações no trabalho, ferramentas desenvolvidas por peritos, e não por companhias como o Facebook, cujo negócio se baseia na coleção de informações e publicidade”, diz Laurent Delaporte, diretor executivo da consultora de cibersegurança Akerva, citado pela Bloomberg.

A utilização de plataformas gratuitas e distribuídas pela população em geral e por altos cargos políticos tem vindo a acender uma discussão nos EUA, após o caso do servidor privado de email de Hillary Clinton. Em causa esteve o acesso a uma troca de informações confidenciais entre Clinton, então secretária de Estado, e Antony Weiner, deputado democrata.

Este mês, em França, as informações relativas à logística da visita da primeira-dama ao jardim zoológico de Loire Valley foram trocadas via Telegram. Uma informação que pode parecer banal para uns, pode ser suficiente para atrair atenções indesejadas, refere a mesma fonte.

No passado mês de outubro, o Telegram Messenger foi multado em 800.000 rublos (cerca de 11.477 euros) por não fornecer aos serviços de segurança russos a informação necessária para descodificar mensagens, cita a Interfax a decisão judicial.

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