Os 5 motivos da Fitch para subir o rating em dois níveis. O principal é a queda da dívida
Que trunfos de Centeno é que levaram a Fitch a subir dois níveis na classificação do rating português? A queda da dívida em 2017 foi o principal, seguido do excedente das contas externas.
Se em setembro a surpresa foi que a Standard and Poor’s subiu o rating sem melhorar o outlook, esta sexta-feira foi a Fitch que surpreendeu tudo e todos com uma subida de dois níveis do rating da República portuguesa. A dívida portuguesa não só saiu da classificação de ‘lixo’ (BB+) como subiu dois níveis, atingido o grau de investimento de BBB com uma perspetiva estável.
Porquê? A Fitch dá várias razões no relatório que acompanha a sua decisão, mas há dois motivos fundamentais: a queda da dívida em 2017 e o excedente das contas externas pelo quinto ano consecutivo.
Acresce que a agência de notação financeira reviu em alta as projeções para o PIB em 0,9 pontos percentuais: ao contrário do que tinha previsto em junho de 2017, a Fitch projeta agora um crescimento económico de 2,6% para este ano — uma estimativa igual à do Governo português e do Banco de Portugal –, mas antecipa uma desaceleração em 2018 para os 1,9%.
- A dívida pública portuguesa irá ficar abaixo dos 127% do PIB em 2017 — a primeira descida do rácio desde a crise das dívidas soberanas — e a trajetória vai continuar nos próximos anos;
- As contas externas de Portugal vão registar um excedente pelo quinto ano consecutivo, “apesar do crescimento na procura interna”, o que traduz “melhorias estruturais” na competitividade do país face ao exterior;
- Portugal registou melhorias “significativas” no défice, sendo que a Fitch acredita que o Governo vai cumprir a meta de 1,4% para este ano. Contudo, a agência de rating prevê que o défice fique inalterado em 2018, ao contrário do ajustamento que Centeno estima;
- O PIB vai crescer mais do que o esperado pela agência (2,6%) em 2017 e o desempenho “forte” do mercado de trabalho confirma a sustentabilidade do crescimento económico;
- O sistema financeiro está melhor depois da recapitalização da CGD e BCP e com a venda do Novo Banco, mas persiste o problema do malparado. No entanto, a Fitch acredita que o ciclo económico favorável irá, gradualmente, normalizar o setor bancário;
Ainda assim, a Fitch ressalva que a mediana da dívida dos países classificados de BBB pela Fitch é de 41% do PIB enquanto a dívida de Portugal continuará acima dos 100% nos próximos anos — mais do dobro. Além disso, a abertura ao comércio de Portugal é mais baixa do que a mediana dos países que estão no BBB.
Em reação à decisão da Fitch, Mário Centeno já garantiu que os esforços de consolidação são para continuar. O Ministério das Finanças destacou “a magnitude sem precedentes desta reavaliação”, com a subida de dois níveis, assinalando que esta decisão “vai permitir a entrada da dívida em mais índices de dívida soberana”.
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