China quer que os EUA abandonem “a mentalidade da Guerra Fria”
As declarações surgem após Donald Trump ter reconhecido a China como um "poderoso rival". O país asiático prefere olhar para os EUA enquanto "colaboradores", e não como concorrentes.
A China pediu esta quinta-feira aos Estados Unidos que abandonem “a ideia de serem os donos do mundo” e defendeu que nunca fez uma política de “ataque económico” e que vê os parceiros comerciais como “colaboradores em vez de concorrentes”. O comentário foi feito durante uma conferência de imprensa por Gao Feng, porta-voz do Ministério de Comércio chinês.
Face às perguntas dos jornalistas sobre a estratégia de segurança nacional apresentada esta semana pelo Presidente dos Estados Unidos, na qual Donald Trump reconhece a China como “poderoso rival”, Gao Feng explicou que Pequim “não está de acordo” com a ideia de entender as relações comerciais como outros países como um “jogo de soma zero”.
Neste sentido, Gao afirmou que se os Estados Unidos abandonarem “a mentalidade da Guerra Fria e a ideia de serem os donos do mundo”, os dois países podem continuar a colaborar “para fomentar o desenvolvimento conjunto e promover a prosperidade da economia mundial”.
“Tanto no caso dos Estados Unidos como no de outros parceiros económicos, preferimos considerá-los como colaboradores em vez de competidores”, acrescentou o porta-voz.
O porta-voz chinês lamentou que a posição de Washington “tenha causado preocupação no mundo em torno da instabilidade da economia mundial no futuro”, afirmando que a estabilidade é necessária para que se “mantenha a tendência de recuperação económica”.
“Quero enfatizar que a China na nova era está a promover a construção de um modelo novo das relações internacionais, em que a colaboração e o benefício mútuo são importantes”, argumentou o mesmo responsável.
O porta-voz do Ministério do Comércio da China recordou que a Pequim e Washington estabeleceram relações diplomáticas há quase 40 anos e que, graças aos esforços de ambas as partes, foram alcançadas grandes conquistas.
Deu como exemplo o crescimento do comércio bilateral – que passou de 2.500 milhões de dólares (2.100 milhões de euros) de 1979 para 524.300 milhões de dólares (441.580 milhões de euros) no final de 2016.
Nos primeiros 11 meses do ano, as trocas comerciais entre a China e os Estados Unidos ascenderam a 527.220 milhões de dólares, traduzindo um aumento de 12,8% face ao período homólogo do ano passado.
O Ministério da Defesa da China também reagiu à estratégia de Donald Trump, a qual acusa de exagerar e de tirar do contexto os esforços chineses para modernizar a sua defesa nacional, segundo um comunicado divulgado na noite de quarta-feira no seu ‘site’.
“O Exército da China continua comprometido em reforçar o intercâmbio e a cooperação com os seus homólogos de outros países, e em assumir mais responsabilidades a nível internacional dentro das suas capacidades”, afirmou Ren Guoqiang, porta-voz do Ministério da Defesa, citado nesse comunicado.
Além disso, sublinhou que a China nunca irá procurar o desenvolvimento em detrimento do interesse de outros, mas ressalvou que também não se irá afastar dos seus próprios direitos e interesses.
Neste sentido, lamentou, aludindo aos Estados Unidos, que “haja certos países que colocam os seus interesses à frente dos dos outros e acima do interesse comum da comunidade internacional, utilizando o antiquado conceito do ‘jogo de soma zero’ para etiquetar outros países e ser egoísta”.
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