Se Santana ganhar, “a probabilidade de voltarmos a ter a geringonça é brutal”
O candidato à liderança do PSD admite que a formação de um "bloco central" só deve acontecer numa "situação absolutamente extraordinária". Por exemplo, para evitar nova legislatura de esquerda.
“Se o meu adversário ganhar as eleições, a probabilidade de voltarmos a ter a geringonça é brutal”. A previsão é de Rui Rio, candidato à presidência do PSD, que foi entrevistado, esta segunda-feira, pela SIC. O social-democrata está seguro de que a viabilização de um Governo minoritário dos socialistas, se esse cenário vier a acontecer nas próximas eleições legislativas, é a atitude que os militantes do PSD esperam de si, ainda que possam não admiti-lo, e critica Pedro Santana Lopes por este reconhecer que faria a António Costa o mesmo que o atual primeiro-ministro fez a Pedro Passos Coelho, em 2015.
Questionado sobre a polémica das suas afirmações ao Público e à Antena 1, na entrevista publicada esta segunda-feira em que admite não impedir a formação de um Governo minoritário do PS, Rui Rio garante que essa posição não afasta os militantes do PSD. “É isso que os militantes do PSD esperam de mim. Não é isso que, eventualmente, esperam que eu diga hoje. Mas, se estou na política, é para fazer diferente”, disse o candidato à liderança do partido.
E explicou: “O que é que o PSD anda a dizer? Que o PS não permite que o PSD governe em Governo minoritário. O que é que o meu adversário diz? Que faria o mesmo que António Costa fez a Pedro Passos Coelho. Isto não é coerente. As pessoas podem, num momento mais emotivo, não compreender isto, mas percebem, depois, quem é genuíno ou não é”. Exemplo disso, apontou, são os governos de António Guterres e o primeiro Executivo de Aníbal Cavaco Silva, ambos minoritários e viabilizados pela oposição, embora Cavaco tenha sido rapidamente confrontado com uma moção de censura que o derrubou e levou à convocação de novas eleições, que venceu com maioria absoluta. “O que digo é que estou disponível para analisar a situação e, em coerência com aquilo que o PSD fez, deixar governar. Depois no Parlamento, votar diploma a diploma”, detalhou.
O que é que o PSD anda a dizer? Que o PS não permite que o PSD governe em Governo minoritário. O que é que o meu adversário diz? Que faria o mesmo que António Costa fez a Pedro Passos Coelho. Isto não é coerente.
Quanto a uma possível uma coligação com o PS, clarifica que um “bloco central só se faz numa situação absolutamente extraordinária”, como a que aconteceu depois do 25 de Abril. E esta é, para Rui Rio, uma situação extraordinária, para evitar nova legislatura de esquerda. Com Santana à frente do PSD, Rui Rio tem dúvidas de que essa nova legislatura seja evitada. “Ou Santana Lopes tem maioria absoluta, ou o PS é atirado para os braços da geringonça e vamos ter mais quatro anos de políticas de esquerda”.
Crescimento económico e descida do IRC são prioridades
Do lado económico, Rui Rio voltou a falar da política fiscal e frisou, mais uma vez, que os impostos sobre as empresas são para baixar, como forma de fomentar o investimento e a criação de emprego. “O modelo económico tem de assentar nas exportações e no investimento. Para isso, temos de assegurar o melhor ambiente para os empresários. As políticas deste Governo vão em sentido contrário daquilo que Portugal precisa para o futuro”, considera Rui Rio, dando como exemplo a subida da derrama do IRC para as empresas com maiores lucros, medida aprovada no âmbito do Orçamento do Estado para 2018.
“Se pensassem no futuro, em vez de subir, desciam o IRC, para que haja mais investimento e criação de emprego“, afirmou.
Questionado sobre quais as suas prioridades se vencer as eleições internas do PSD e as próximas legislativas, Rui Rio evitou responder se a descida de impostos é uma prioridade e focou-se no crescimento económico. “A minha prioridade é o crescimento económico, sem ele não há saída airosa”, disse, salientando ainda que “as contas devem ter um ligeiro superavit quando a economia está a subir, para poderem défice quando a economia está a cair”.
As contas devem ter um ligeiro superavit quando a economia está a cair, para poderem défice quando a economia está a cair.
Isto, ressalvou, sem colocar em causa o investimento social. “Não digo que devemos vir de um défice de 5% para um 0%, porque isso desequilibra tudo. Tem de ser uma descida de forma cadenciada”.
Sobre o anterior Governo, Rui Rio admitiu ainda alguns erros, mas salientou o papel difícil durante a era da troika. “Tive algumas discordâncias com o Governo PSD/CDS, que raramente foram públicas. A combinação das medidas podia ser diferente. Não é que tenha havido falta de respeito pelos pensionistas, mas poderia ter havido mais cuidado com os pensionistas, por exemplo”, apontou. Mas sublinhou: “O PSD, durante o período da troika, com erros ou sem erros, teve um papel muito relevante”.
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