Criptomoedas estão a entrar aos poucos no quotidiano dos portugueses. O ECO foi às compras com bitcoin. E conseguimos comprar perfumes, malas e bicicletas, reservar hotéis e até contratar advogados.
No primeiro dia em que a Casa Campos, em Sátão, passou a aceitar moeda digital como meio de pagamento, esta segunda-feira, o filho do dono desta loja de moda vendeu um perfume pelo preço de 22 euros. Mas, ao contrário do que acontece habitualmente, o cliente nem teve de ir ao bolso procurar as notas e moedas para efetuar a compra. Pegou no seu smartphone e, a partir da sua carteira digital instalada no telemóvel, transferiu Ripple na mesma quantidade dos euros do perfume para a carteira digital do lojista Fábio Campos. E a transação ficou selada. Ao balcão. Virtualmente.
Com a euforia em torno das criptomoedas, são cada vez mais as lojas e serviços em Portugal que estão a aceitar moeda digital como a Ripple ou a bitcoin enquanto moeda de troca. É o caso também da advogada Filipa Correias Vilas, em Lisboa, do hotel Molinum, em Loulé, ou da loja de bicicletas Velo Culture, no Porto, que tentam atualizar o seu negócio perante a revolução prometida pela blockchain no sistema de pagamentos em todo o mundo.
Na Casa Campos, não é preciso sequer entrar na loja para perceber que podemos ir às compras e pagar com moedas digitais. Quem passa na rua facilmente repara nas placas colocadas estrategicamente na montra e que indicam que o estabelecimento permite transações com bitcoin, litecoin e ethereum.
“Quisemos alargar os métodos de pagamento à população. As moedas digitais são o método do futuro, veio para ficar”, conta ao ECO Fábio Campos. “O atual sistema financeiro vai tornar-se obsoleto e estamos já a atualizar a esta nova realidade”, diz.
O processo de compra de um artigo da Casa Campos, que vende peças de vestuário, calçado, malas e outros acessórios, é mais simples do que o incauto cliente pode pensar.
Explica Fábio Campos: “O cliente escolhe o artigo, dirige-se ao balcão para fazer o pagamento e lá encontra uma moldura com QR codes correspondentes a cada moeda que aceitamos. Com a sua wallet digital, por exemplo a Gdax, o cliente faz o scan do QR code a partir do seu telemóvel e realiza a transferência”. Et voilá. Acabámos de comprar um perfume que custa 22 euros usando a Ripple — a Casa Campos deixou de aceitar Ripple e bitcoin cash pouco tempos depois, isto após as críticas na sua página de Facebook por aceitar moedas digitais centralizadas.
“O segredo é manter agora as moedas digitais”, diz Fábio Campos. “Como vamos manter a moeda digital, temos de ter disponibilidade em euros para pagar os impostos ao Estado. Ainda não tem a sua moeda digital, infelizmente…”, lamenta o vendedor.
O cliente escolhe o artigo, dirige-se ao balcão para fazer o pagamento e, lá encontra uma moldura com QR codes correspondentes a cada moeda que aceitamos. Com a sua wallet digital, por exemplo a Gdax, o cliente faz o scan do QR code a partir do seu telemóvel e realiza a transferência.
Bicicletas, quartos de hotel e uma advogada…
Rumámos um pouco mais a Norte e encontrámos bem no centro do Porto a Velo Culture, uma loja e oficina de bicicletas. Desde dezembro que este estabelecimento passou a aceitar bitcoin como meio de pagamento por sugestão de um cliente. A partir daí, já venderam uma bicicleta e vários acessórios num total de 1.500 euros e tudo em moeda digital.
“Normalmente convertemos imediatamente, não temos interesse especulativo, apenas em prestar um bom serviço ao cliente”, conta Miguel Barbot, um dos sócios da Velo Culture.
A sul, no hotel Molinum, em Loulé, ainda se esperam os primeiros hóspedes com bitcoin na carteira. Este bed & breakfast aceita reservas de quartos a troco desta moeda digital desde outubro passado.
“Basta um cliente dizer-nos que pretende efetuar o pagamento do quarto em bitcoin. Depois, através da sua carteira digital faz a transferência de moeda no montante correspondente em euros para a carteira da empresa. E está feito. Emitimos a fatura, como fazemos normalmente”, refere Joana Mendes, diretora do hotel localizado em Boliqueime.
“Acreditamos que as moedas digitais são o futuro e vão ter um grande peso nos meios de pagamento. A nossa adesão à moeda digital foi em grande parte pelas possibilidades que a tecnologia blockchain permite. E achamos interessante estarmos abertos a esta possibilidade dado o crescente peso da tecnologia nas nossas vidas”, diz ainda.
Acreditamos que as moedas digitais são o futuro e vão ter um grande peso nos meios de pagamento. A nossa adesão à moeda digital foi em grande parte pelas possibilidades que a tecnologia blockchain permite. E achamos interessante estarmos abertos a esta possibilidade dado o crescente peso da tecnologia nas nossas vidas.
Prefere Lisboa ao Algarve? Na capital também há vários estabelecimentos na plataforma de alojamento temporário Airbnb que aceitam bitcoin… ou melhor, Ethereum porque as taxas de transferência são mais baixas. Pelo menos foi com essa a resposta que recebemos quando contactámos a proprietária de um apartamento com um quarto e uma casa de banho, em plena Alfama. O alojamento pode ser reservado por 49 euros por noite.
“Bom dia, sim, aceito, mas como a bitcoin fee está alta, se calhar é mais vantajoso usar Ethereum :)”, respondeu Luciane, depois de questionada pelo ECO se aceita moeda bitcoin como forma de pagamento.
Ainda em Lisboa, encontramos a advogada Filipa Correias Vilas. Esta especialista nas áreas de auditoria e conformidade, fiscalidade, banca e mediação familiar e de conflitos aceita bitcoin como modo de pagamento pelos serviços jurídicos que presta a partir dos escritórios em Entrecampos.
Não, não nos metemos em problemas que exijam a intervenção de Filipa Correias Vilas. Ainda que a bitcoin não seja uma coisa propriamente legal…
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Bitcoin já paga perfumes, hotéis e até advogados em Portugal
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