Sindicato ameaça com greve na Cofaco de S. Miguel após anúncio de despedimentos no Pico

  • Lusa
  • 10 Janeiro 2018

Os trabalhadores da Bom Petisco de S. Miguel ameaçam fazer greve em solidariedade para com os colegas do Pico. Empresa admitiu a readmissão da maioria dos 180 trabalhadores.

Os trabalhadores da conserveira Cofaco em Rabo de Peixe, na ilha de São Miguel, admitem fazer greve em solidariedade para com os quadros da empresa abrangidos pelo despedimento coletivo no Pico, indicou esta quarta-feira à agência Lusa um dirigente sindical. O aviso surge depois de o secretário regional do Mar, Ciência e Tecnologia dos Açores ter dito que o executivo recebeu a garantia da conserveira de readmitir “a grande maioria” dos trabalhadores assim que a nova fábrica estiver a funcionar, no Pico.

De acordo com o presidente do Sindicato dos Trabalhadores de Alimentação, Bebidas e Similares, Comércio, Escritórios e Serviços dos Açores (SABCES/Açores), Vítor Silva, os trabalhadores em Rabo de Peixe “não vão baixar os braços” para lutar pela salvaguarda dos postos de trabalho dos seus colegas na ilha do Pico. “Existe a possibilidade, até como forma de solidariedade, de haver greve na outra unidade fabril da Cofaco, ou seja, na Cofaco de Rabo de Peixe”, afirmou Vítor Silva.

Esta tarde, o secretário regional do Mar, Ciência e Tecnologia dos Açores disse ter recebido a garantia da conserveira de readmitir “a grande maioria” dos trabalhadores assim que a nova fábrica estiver a funcionar, no Pico. “É esta a garantia que a empresa nos diz: assim que a nova unidade fabril estiver a funcionar, vai readmitir a grande maioria dos trabalhadores”, declarou Gui Menezes, em declarações aos jornalistas. O governante falava após uma reunião com representantes de trabalhadores da fábrica, na Madalena, na ilha do Pico, mas não precisou o número de readmissões em causa, afirmando que é uma opção da empresa.

A administração da conserveira Cofaco, que detém, por exemplo, a marca Bom Petisco, informou na terça-feira que vai proceder ao “despedimento coletivo” dos 180 trabalhadores da empresa, quadros no Pico, indicou à agência Lusa um representante sindical.

De acordo com Sérgio Gonçalves, representante do Sindicato de Alimentação, Bebidas e Similares, Comércio, Escritórios e Serviços dos Açores, o conselho de administração reuniu-se com os cerca de 180 trabalhadores da fábrica para os informar de que todos seriam despedidos com direito a “indemnização e fundo de desemprego”, deixando a Cofaco de laborar naquela ilha até à construção de uma nova fábrica.

Serão pagas as indemnizações e vamos todos para casa com uma promessa verbal de que quando a obra estiver concluída, entre 18 meses e dois anos, nos chamariam de novo para vir trabalhar. Ficamos na expetativa. Como o ditado diz, ‘palavras, leva-as o vento’, mas vamos esperar que estas o vento não leve”, disse na terça-feira Sérgio Gonçalves.

A fábrica Cofaco, no concelho da Madalena, vai manter os trabalhadores até abril, altura em que arrancam as obras para a construção da nova unidade. Esta quarta-feira, o secretário regional do Mar, Ciência e Tecnologia realçou que “não se trata de uma empresa falida”. “Isto não é um despedimento coletivo de uma empresa que faliu. Não. É um despedimento coletivo porque há um momento de transição para outra empresa. É uma unidade fabril que vai ser construída no mesmo local e tinha que haver aqui uma solução e foi esta que se encontrou”, sustentou.

O governante frisou que uma das razões por que esta nova empresa participada pela Cofaco vai continuar a apostar na unidade fabril do Pico é precisamente porque “reconhece a qualidade” dos trabalhadores na laboração do atum, uma “mais-valia” também para a conserveira em termos “económicos, na posição do seu produto, e da eficiência da sua produção”.

Gui Meneses referiu também que “as empresas conserveiras dos Açores estão a passar por momentos que não são muitos fáceis“, tendo em conta as safras de atum bonito nos últimos anos, o contexto de competitividade em termos internacionais de conserveiras e os custos que estas empresas têm para laborarem no arquipélago.

A empresa garante que os direitos dos trabalhadores estão cumpridos. Os apoios públicos são precisamente para isto. São para apoiarmos as nossas empresas quando elas necessitam e também para garantirmos os postos de trabalho e o desenvolvimento económico da nossa região e, em particular, na ilha do Pico, onde esta empresa tem um impacto importante”, sustentou o governante.

O secretário regional disse ainda ter transmitido uma mensagem de solidariedade aos trabalhadores, numa reunião onde se fez acompanhar por técnicos da Segurança Social e da Inspeção do Trabalho e do Emprego.

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