Montepio recusa fornecer informação para a avaliação pedida pela Santa Casa
Final do primeiro trimestre é a data indicada pelo Banco de Portugal para a Caixa Económica Montepio concretizar a separação da marca face à sua acionista, a Associação Mutualista.
A Associação Mutualista não facultou informação sobre a Caixa Económica Montepio aos analistas do Haitong, que ainda não realizaram a sua análise aprofundada (due dilligence) ao banco no âmbito da avaliação independente encomendada pela Santa Casa da Misericórdia de Lisboa.
O jornal Público (acesso pago) revela esta quarta-feira que o banco de investimento terá requerido à associação mutualista presidida por Tomás Correia diversos dados financeiros relacionados com algumas operações do Montepio para uma análise mais completa sobre a situação financeira do banco. O pedido foi recusado com o argumento de que as contas de 2017 ainda não estão fechadas e porque a gestão do banco liderada por Félix Morgado está de saída.
Adicionalmente, a associação mutualista argumentou que uma aquisição de 10% de uma empresa não tem de implicar a realização de uma due dilligence, considerando-se que a informação que se encontra hoje disponível publicamente é suficiente para fazer uma análise de risco adequada.
Fonte oficial da Associação Mutualista clarificou ao Público que “desmente categoricamente quando se afirma que ‘…não disponibilizou informação sobre a CEMG…'” e acrescentou que “não tem quaisquer comentários adicionais a fazer, obrigando-se a respeitar escrupulosamente os acordos contratuais de confidencialidade existentes entre as partes”.
A avaliação é crucial para a entrada da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa no capital do Montepio.
Separação da marca até final de março
O Montepio tem até final do primeiro trimestre de apresentar junto do Banco de Portugal medidas adicionais para finalizar a separação da marca face à sua acionista, a Associação Mutualista.
De acordo com o Jornal de Negócios (acesso pago), o supervisor admite que “determinou à Caixa Económica Montepio Geral a apresentação de um plano de ação que assegurasse a separação entre ambas as marcas, de modo a tornar publicamente percetível, de forma clara e inequívoca, as diferenças entre as duas instituições”.
Félix Morgado já apresentou um plano no passado e progressivamente tem vindo a implementar algumas medidas que visam responder às recomendações do Banco de Portugal. Entre outras medidas, em cima da mesa está a distinção das insígnias entre banco e dono — Montepio.
"O Banco de Portugal determinou à Caixa Económica Montepio Geral a apresentação de um plano de ação que assegurasse a separação entre ambas as marcas, de modo a tornar publicamente percetível, de forma clara e inequívoca, as diferenças entre as duas instituições.”
Ainda assim, continua a ser pouco clara a distinção entre o que são os produtos mutualistas (que se referem ao acionista Associação Mutualista) e os produtos bancários (da Caixa Económica), acabando por criar confusão junto dos clientes do banco.
A supervisão da associação mutualista cabe ao Ministério da Segurança Social, a quem compete também supervisionar a sua atividade e produtos. Já o Banco de Portugal tem vindo a atuar junto do banco de forma a “acautelar, de forma preventiva, o risco de uma perceção incorreta da natureza dos produtos emitidos pela Associação Mutualista por parte dos clientes e do público em geral”.
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