Angola estuda fecho de embaixadas e consulados. Portugal está na lista
Objetivo é poupar mais de 66 milhões de dólares, diz uma proposta a que a Lusa teve acesso. O Governo português já defendeu que as relações com Angola são "excelentes" e recusou comentar o assunto.
O Governo angolano está a estudar a possibilidade de encerrar nove embaixadas e 18 consulados-gerais, nomeadamente em Lisboa, Faro e Macau, além de dez representações comerciais, incluindo em Portugal, para poupar mais de 66 milhões de dólares.
A informação consta da proposta elaborada pelo secretário para os Assuntos do Diplomáticos do Presidente da República de Angola, Victor Lima, antigo embaixador em Espanha, entregue este mês ao Ministério das Relações Exteriores e à qual a Lusa teve acesso este sábado, no âmbito do redimensionamento da rede diplomática angolana.
As relações entre Portugal e Angola têm vindo a degradar-se desde que a justiça portuguesa recusou remeter um processo que envolve Manuel Vicente, o ex-vice-presidente de Angola, para os tribunais angolanos. A decisão foi considerada uma “ofensa” pelo presidente João Lourenço e Angola recusa-se a notificar o ex-governante, por considerar que goza de imunidade.
Este sábado, o jornal Público adianta que o julgamento da Operação Fizz vai começar na segunda-feira, sem a presença do ex-governante angolano.
Relações com Angola “são, neste momento, excelentes”, diz Governo
O ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, disse hoje, em Paris, que as relações diplomáticas entre Portugal e Angola “são, neste momento, excelentes” e escusou-se a comentar a intenção de Luanda de fechar consulados em Lisboa e Faro.
“Não tenho nada a dizer. Essas comunicações são por via formal”, disse o ministro, quando questionado sobre a proposta hoje conhecida que prevê que o Governo angolano encerre nove embaixadas e 18 consulados-gerais, nomeadamente os consulados de Lisboa e Faro.
“As relações diplomáticas entre os dois países são, neste momento, excelentes. Aliás, acabo mesmo agora de receber a confirmação da hora e do local do próximo encontro bilateral de alto nível entre Portugal e Angola em Davos, na Suíça entre o presidente da República de Angola e o primeiro-ministro da República portuguesa”, afirmou Augusto Santos Silva.
Durante a visita à feira Maison & Objet, que arrancou esta sexta-feira e decorre até 23 de janeiro no Parque de Exposição de Paris Nord Villepinte e em que participam mais de cem empresas portuguesas, Santos Silva rejeitou temer um futuro bloqueio económico de Angola no âmbito da ‘Operação Fizz’ que está a gerar tensões entre os dois países.
"Não temo nada. Não ignoro que há aqui – como o primeiro-ministro disse, numa expressão que me pareceu feliz – um irritante. Há uma agravante que é: a solução desse irritante não está nas mãos, nem do presidente da República, nem da Assembleia da República, nem do governo.”
“Não temo nada. Não ignoro que há aqui – como o primeiro-ministro disse, numa expressão que me pareceu feliz – um irritante. Há uma agravante que é: a solução desse irritante não está nas mãos, nem do presidente da República, nem da Assembleia da República, nem do governo. Não está nas mãos do poder político, mas com paciência, com sentido de Estado, com a responsabilidade de todos, superaremos esse irritante e convém não exagerá-lo”, afirmou.
O chefe da diplomacia portuguesa insistiu que não fala sobre questões de justiça devido ao “princípio constitucional básico em Portugal – aliás, na generalidade das democracias” da independência do poder judicial face ao poder político e vice-versa.
Reiterando que “à justiça o que é da justiça, à política o que é da política”, Santos Silva disse tratar apenas da política externa e, nesse sentido, o ministério dos Negócios Estrangeiros tem “tratado de forma a que o relacionamento entre Portugal e Angola se intensifique” porque é um “interesse recíproco”.
“Nós temos muito densas relações históricas, partilhamos a mesma língua, pertencemos a várias organizações multilaterais e concertamos as nossas posições dentro dessas organizações e temos um relacionamento económico muito denso”, declarou.
(Notícia atualizada às 12h55)
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