Aumentos na Função Pública? Mário Centeno diz que salários já estão a crescer
O tom da discussão foi marcado pelo socialista João Galamba, que já avisou que dificilmente haverá aumentos salariais em 2019. Mas o Bloco de Esquerda confrontou o ministro das Finanças.
A discussão tinha sido lançada pelo deputado socialista João Galamba: dificilmente haverá margem para aumentos salariais para a função pública em 2019. Mariana Mortágua, deputada bloquista, assumiu esta quarta-feira a surpresa pelo debate ter sido aberto “sem discussão prévia” mas não só partiu para a frente de batalha, como ainda alargou o tema aos salários do setor privado — também têm de crescer. O que respondeu o ministro das Finanças? Centeno usou a matemática para demonstrar que os salários já estão a crescer.
“O PS resolveu lançar o debate sobre os salários da função pública sem qualquer discussão prévia”, notou Mariana Mortágua, durante a audição do ministro das Finanças na Comissão Parlamentar de Orçamento e Finanças, na Assembleia da República. “Muito bem”, anuiu. E estabeleceu as prioridades do Bloco de Esquerda: revisão das carreiras dos funcionários públicos, resolução do problema da falta de pessoal e fim do congelamento salarial. “Os funcionários públicos perderam 10% do seu salário em 10 anos”, sublinhou.
"Não podemos admitir que a regra no privado seja a estagnação.”
Depois, abriu a discussão ao terreno do setor privado: “Não podemos admitir que a regra no privado seja a estagnação.” E, por isso, os bloquistas querem com “urgência” concretizar a alteração da lei laboral que permita efetivar a atualização salarial.
A resposta de Mário Centeno não foi direta, mas para bom entendedor meia palavra basta. O ministro recorreu aos números para concluir que os salários já estão a crescer.
"É muito difícil ter a média salarial a crescer [com esta dimensão de emprego] (…) E está a crescer 2%.”
“Numa recessão destruímos empregos abaixo da média, e por isso o salário médio sobe”, começou por explicar Centeno. “Quando há criação de 288 mil novos empregos, o efeito de composição é o inverso”, continuou, garantindo que “é muito difícil ter a média salarial a crescer” com esta dimensão de emprego. “E está a crescer 2%”, assegurou o ministro.
Para reforçar o raciocínio, Centeno notou ainda que em média, o crescimento mensal das contribuições para a Segurança Social tem sido de 7%, o que, simplificando, quer dizer que “o salário que os portugueses levam para casa no seu conjunto está a crescer 7%”, simplificou.
Por outras palavras, em termos médios cada trabalhador tem um salário 2% mais elevado, mas o conjunto da massa salarial, diz o ministro, está a subir 7% — o que se explica porque muitos trabalhadores que estavam no desemprego (e que por isso não tinham salário nem faziam descontos para a Segurança Social) recuperaram um posto de trabalho e viram a sua remuneração crescer.
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