Este videojogo português já está disponível para a Playstation
Três portugueses criaram o Strikers Edge, um projeto que demorou dois anos até estar concluído. Foi lançado esta semana para a Playstation 4 e para a plataforma Steam.
Não passava de uma brincadeira entre amigos, mas rapidamente ganhou outra dimensão. Estes três portugueses criaram o Strikers Edge, um videojogo online e multiplayer, que foi lançado esta semana para a Playstations 4 e computadores dos adeptos de videojogos. Um jogo competitivo e da era medieval que conta com o apoio da Sony e da Playstation, e que correu o mundo até se tornar a profissão destes programadores.
Nasceu em 2014, durante uma game jam — um evento onde programadores se juntam para criar um jogo num espaço de 24 a 72 horas. Foi durante um desses eventos que os colegas Tiago Franco e Filipe Caseirito criaram uma espécie de protótipo daquele que viria a ser o Strikers Edge. Um ano mais tarde, durante um concurso de videojogos que a dupla ganhou, apareceu Ricardo Santos, já ligado à indústria, que viu no projeto uma hipótese de ir mais longe. “Fui ter com eles e disse: ‘vamos tentar que o jogo aconteça na realidade’. Eles acharam piada à ideia mas ficaram de pensar, obviamente, porque tinham as suas profissões”, conta ao ECO.
A resposta final por parte dos fundadores surgiu um pouco mais tarde, em Barcelona, durante um evento indie — onde pequenas equipas se juntam para criar jogos sem apoios financeiros –, com mais pessoas envolvidas e mais visibilidade. Tiago e Filipe regressaram a Portugal entusiasmados com o potencial do projeto e decidiram arriscar. “Contactaram-me, quiseram saber como poderíamos tornar o projeto realidade e criamos um plano de negócios, uma estratégia e, finalmente, a Fun Punch Games enquanto empresa“, recorda Ricardo. A partir daí começaram a ser definidos objetivos, o principal era “ser, no mínimo, finalista” em algum evento, algo que seria “essencial para ter um pouco de qualidade e conseguir chegar ao estrangeiro”.
“Rápido, para descarregar energia e lançar umas setas”
O Strikers Edge demorou cerca de dois anos até estar operacional. Enquanto isso, ia sendo desenvolvido ao mesmo que a equipa corria o mundo para participar em eventos e concursos da área: Alemanha, França, Inglaterra, Estados Unidos, etc. “Isso serviu de catapulta para que o jogo fosse conhecido à medida que ia sendo feito”, explica Ricardo. Em inícios de 2016, a equipa venceu a primeira edição dos prémios Playstation, que lhe valeu um patrocínio financeiro por parte da Sony Ibéria, e ainda o prémio Imprensa, para além da oportunidade de ser lançado para esta consola. Esta semana ficou disponível para venda na Europa, tanto para a Playstation 4 como na plataforma Steam, com o custo de 14,99 euros.
“O jogo está completamente desenhado para os fãs de jogos competitivos e de ação. No fundo, para um gamer que goste de jogos multiplayer e competitivos”, explica. Semelhante a um “jogo do mata medieval”, o Strikers Edge combina “machados, setas, facas e outros artefactos num cenário medieval, com o intuito de atingir os outros jogadores. Eu tenho que atingir o adversário e o adversário tem de me atingir a mim, basicamente são estas as regras”. Funciona à base de partidas, “uma das coisas que o torna bastante competitivo”, e cada partida dura, normalmente, cerca de três minutos. No entanto, “as pessoas vão jogando uma, depois outra e outra, e quando dão por si já passou uma hora”, brinca o programador.
“Se é para fazer isto, tem de ser uma coisa a tempo inteiro”
Ricardo está ligado à indústria de videojogos desde 2004, tendo passado a maior parte da carreira a trabalhar na área do mobile, jogos Java e, mais tarde, jogos para Android e iOS. No entanto, com Filipe e Tiago as coisas não eram assim. Filipe era arquiteto e o colega designer. A decisão foi igual para os dois: “Se é para fazer isto, tem de ser uma coisa a tempo inteiro“, conta Ricardo, ao lembrar das palavras dos sócios quando lhes fez a proposta. E assim foi, ambos deixaram de parte os empregos que tinham para se dedicarem 100% ao projeto.
Mais tarde, a equipa da Fun Punch conseguiu um parceiro financeiro, a empresa francesa Playdius, que os conheceu em Amesterdão, durante mais um evento. Foi então que surgiu o primeiro investimento. No total, a Fun Punch “teve cerca de 130 mil euros de investimento“, metade desse valor veio diretamente da equipa e a outra metade angariado, incluindo os dez mil euros conseguidos com o prémio Sony.
Olhando para trás, Ricardo, Filipe e Tiago fazem um balanço “bastante positivo” destes anos, tendo em conta todos os esforços que fizeram para se conseguirem destacar no mercado dos videojogos. “O mercado em si, de consumo, é enorme neste momento. Portugal consome bastantes videojogos, temos mais de três milhões de jogadores registados na plataforma Steam [a única que oferece estatísticas]”, explica Ricardo. Desta forma, só com “excelência, esforço e dedicação ao projeto” foi possível chegar às casas dos portugueses. Um jogo para ser jogado “com amigos, em casa”, pois foi assim que nasceu… “um jogo de sofá”.
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