Augusto Mateus: “Falta uma política mais ousada a Portugal”
O economista Augusto Mateus diz que Portugal tem uma crise de investimento e defende que falta uma política mais ousada em Portugal.
O economista Augusto Mateus defendeu, esta quarta-feira no Porto, que a economia sofre uma crise do investimento. Para o ex-ministro da Economia, é nas alturas de bom enquadramento económico que se tem que fazer as coisas difíceis.
Augusto Mateus, que falava na conferência do Orçamento do Estado de 2018 organizada pela consultora EY, defende que é preciso reconstruir as políticas de poupança na economia de modo a ter mais investimento, baseado em mais inovação e tecnologia. Mateus acrescenta que é errado dizer que “não queremos ter uma economia de serviços, porque esta já existe, mas para isso é preciso desígnios novos, como o de incentivos na política macroeconómica”.
“A política macroeconómica tem de ser mais ousada”, afirmou o ex-ministro da economia do Governo de António Guterres.
Para Mateus, é preciso aproveitar a política macroeconómica porque esta não vai durar para sempre, e deixou uma alerta: “Temos uma subida das taxas de juro iminente, e vamos ser, dos países da Europa, o que mais vai sofrer com essa subida”.
Para evitar esse problema, aconselha: “É preciso ter uma intervenção mais rápida do que o habitual e, nesse sentido, é preciso pôr a política orçamental e a política monetária a namorar”.
Por outro lado, Mateus recorda que “é preciso prolongar as coisas positivas que ajudam à consolidação da credibilidade, mas passa ao lado do problema real do investimento e da justiça, nomeadamente no que respeita à pobreza e às desigualdades na classe média que sofreu em demasia durante o período de austeridade em Portugal”.
Mateus diz ainda que, “é na especialização geográfica que Portugal é derrotado, não nos libertamos a tempo de atividade regressivas [as que têm poucas mais valias] e está concentrado em mercados pouco dinâmicos”. A solução, afirma Mateus “passa por incentivos ousados à capitalização”. O que, no entender do economista, é diferente de dar dinheiro às empresas. Aliás, Mateus defende mesmo que “os fundos estruturais em Portugal deviam ter a utilização mais seletiva da Europa”, na medida em que é importante “fazer chegar incentivos às empresas que se estão a reorganizar”.
Sobre o Orçamento do Estado para 2018, Mateus afirma que “temos uma recuperação efetiva e duradoura, e o que me parece é que há um esforço deste OE que vem de trás, que é o de reforçar a credibilidade do Estado português e que há uma modernização da administração fiscal de que nos devemos orgulhar e praticar”.
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