Nuno Amado como chairman executivo? “Não me passa pela cabeça”, diz o presidente do IPCG

  • Rita Atalaia
  • 12 Março 2018

Maya vai agora ser CEO do BCP, enquanto Amado passa a chairman com poderes reforçados. O ECO foi falar com o presidente do IPCG, António Gomes Mota, que defende que esta função não deve ser executiva.

A gestão do BCP está em mudança. Miguel Maya vai agora assumir a presidência executiva do banco, enquanto António Monteiro vai deixar de ser chairman e será substituído por Nuno Amado. Mas o objetivo do banco é que seja um presidente do conselho de administração com poderes reforçados. Para António Gomes Mota, um chairman é cada vez mais “executivo dentro do não executivo”. Mas o presidente do Instituto Português de Corporate Governance (IPCG) diz que “não passa pela cabeça” que Amado seja um presidente com funções executivas.

“É preciso, antes de mais, perceber que poderes [reforçados] são estes”, afirma António Gomes Mota ao ECO. Mas, analisando em abstrato, o chairman tem cada vez mais uma “função executiva dentro do não executivo, acompanhando de muito perto” a atividade no banco, refere o presidente do IPCG e chairman dos CTT. Para Gomes Mota, não passa apenas por fiscalização, mas também por “supervisão, acompanhamento e desafio”.

"Não passa pela cabeça [que uma entidade como o BCP] tenha um chairman com funções executivas.”

António Gomes Mota

Presidente do Instituto Português de Corporate Governance

De qualquer maneira, o presidente do IPCG nota que “não passa pela cabeça” que uma entidade como o BCP tenha “um chairman com funções executivas”. Essa função deverá ser do CEO, um cargo para o qual Miguel Maya foi apontado, que era, até agora, vice-presidente da comissão executiva.

Segundo apurou o ECO, a discussão entre o Banco Central Europeu e os acionistas do BCP ainda decorre, nomeadamente quanto à terminologia dos cargos de Amado e Maya. Esta redistribuição de poderes entre as duas funções justificará, até, a designação de chairman executivo e de vice-presidente executivo. Mas mesmo que esta classificação venha a ser aceite, coisa para a qual o BCE parece pouco disponível, significa na prática uma mudança de funções dos dois gestores.

A assembleia geral de acionistas do banco, eletiva, será a 15 de maio, e os nomes dos órgãos sociais têm de passar ainda o teste ‘fit and proper’ do BCE. Questionado pelo ECO sobre quando deverá divulgar a lista de administradores, fonte oficial do banco central diz “que nunca comenta questões sobre instituições individuais”.

Afinal, qual é a diferença entre CEO e chairman?

O papel de um presidente executivo e de um chairman é diferente. Na prática, o CEO é que toma todas as decisões sobre produtos, clientes, funcionários e objetivos da instituição financeira. Decisões que são analisadas e supervisionadas pelo presidente do conselho de administração, que tem um papel de “fiscalizador”. Qual é, na prática, a diferença entre estas duas funções?

CEO, a “espinha dorsal”

  • Tem poder total para liderar e gerir a atividade da instituição financeira;
  • Propõe, implementa e reporta a estratégia do grupo, assim como as iniciativas e estratégias de cada área do banco;
  • O presidente executivo apresenta ao conselho de administração planos num horizonte a três anos, ficando depois responsável por implementá-los e mostrar progressos de forma frequente;
  • Segundo o BCE, para ocupar o cargo de presidente executivo, o CEO tem de ter dez anos de experiência prática em áreas relacionadas com o sistema bancário ou financeiro. Mas deve também ter no seu curriculum o desempenho de várias posições de relevo a nível de gestão.

Chairman, o “fiscalizador”

  • O presidente do conselho de administração deve ser independente e promover uma boa governance no banco;
  • O chairman deve orientar o conselho de administração nas discussões sobre as propostas apresentadas pela equipa executiva;
  • Deve focar-se nas questões estratégicas e avaliar e fiscalizar a atividade da instituição financeira;
  • Deve garantir que os administradores recebem toda a informação de forma correta e atempada de maneira a monitorizarem o desempenho, tomarem decisões acertadas e darem conselhos adequados que promovam o sucesso do banco.

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