Fidelity. Portugal tem de continuar a corrigir contas públicas

Diretor de investimento de Fixed Income da Fidelity enumera dois riscos para mercado de dívida nacional: orçamento e DBRS.

Sem exposição à dívida portuguesa, a gestora de fundos norte-americana Fidelity considera que Portugal tem de manter o caminho da consolidação orçamental sob pena de arriscar um agravamento do risco no mercado secundário.

Andrea Ianelli, diretor de Investimento de Fixed Income da gestora norte-americana, referiu que a incerteza em torno da situação financeira de Portugal vai continuar a causar desconforto aos investidores e a afetar a perceção de risco da dívida portuguesa durante os próximos tempos. Uma situação que poderá dissipar-se já no próximo mês, explicou.

“Até termos mais visibilidade sobre a trajetória futura das finanças públicas do país, a incerteza vai continuar a pesar nas obrigações portuguesas relativamente ao resto da periferia”, referiu Ianelli.

“Há alguns riscos no curto prazo. O governo apresenta o orçamento em meados de outubro. E há uma agência de notação financeira que mantém a dívida de Portugal elegível para as compras do BCE e que fará uma revisão do rating no próximo mês. Vamos ter de esperar pelo desenvolvimento destes acontecimentos”, resumiu o responsável durante a apresentação das perspetivas da Fidelity para o mercado obrigacionista até início do próximo ano, em Lisboa.

"Há alguns riscos no curto prazo. O governo apresenta o orçamento em meados de outubro. E há uma agência de notação financeira que mantém a dívida de Portugal elegível para as compras do BCE e que fará uma revisão do rating no próximo mês.”

Andrea Ianelli, diretor de investimento de Fixed Income da Fidelity

Apesar da ligeira correção na sessão de hoje, os juros associados às obrigações do Tesouro a dez anos negoceiam ao nível mais elevado desde o final de junho, registando uma taxa de 3,255%. E isto num ambiente de baixo risco em relação a vários países do euro, incluindo os periféricos Espanha e Itália, beneficiando da intervenção do Banco Central Europeu (BCE) nos mercados de dívida.

Enquanto isso, o diferencial de risco das obrigações portuguesas a dez anos face à bund alemã segue nos 318 pontos base, sendo o spread mais elevado desde o início de julho. Face à dívida espanhola, a dívida nacional registava um spread de 219 pontos base, o mais elevado desde fevereiro.

Quanto ao outlook para o mercado obrigacionista até final do ano, num contexto de fraco crescimento das principais economias mundiais, a Fidelity, que detém 272 mil milhões de dólares de ativos sob gestão, acredita que os bancos centrais vão continuar a desempenhar um papel relevante no apoio à recuperação económica. “Apesar dos esforços das políticas monetárias, não temos crescimento. O que nos leva a acreditar que vai existir volatilidade e baixa liquidez nos mercados de dívida”, frisou Ianelli.

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