Prova dos 9. Maioria dos países da Zona Euro prevê menos défice do que Portugal?
O ministro das Finanças reconhece que o défice de 2017 foi "historicamente baixo", mas ressalva que a maioria dos países do euro conseguiu défices ainda mais baixos e tem metas ainda mais ambiciosas.
Portugal fechou o ano com um défice de 3%, se for contabilizada a injeção na Caixa Geral de Depósitos (CGD), e de 0,9% sem contar com essa recapitalização de quase quatro mil milhões de euros. É esse segundo valor que está a ser celebrado pelo Governo como o mais baixo da democracia portuguesa, mas mesmo esse não chega para Mário Centeno.
O ministro das Finanças reconhece que o défice registado em 2017 é “historicamente baixo”, mas aponta que é “um valor normal na Europa”. Mais do que isso, no ano passado, a “larga maioria” dos países da Zona Euro conseguiu um défice inferior a 0,9% e a “esmagadora maioria” prevê, para 2018 e 2019, défices ainda mais baixos do que Portugal, que aponta para 0,7% este ano e para 0,2% em 2019.
A primeira consideração de Centeno é facilmente confirmada: com ou sem a recapitalização da CGD, Portugal está entre os piores da Europa no que toca ao défice. Mas a segunda não é inteiramente correta, apenas porque ainda nem todos os países enviaram a Bruxelas o Programa de Estabilidade deste ano, com as previsões mais atualizadas, que poderão conter revisões do défice previsto para 2018 e 2019. Além disso, quando se olha para 2019, Portugal não sai tão mal na fotografia.
A afirmação
“O valor do défice de 2017 é historicamente baixo em Portugal, mas é um valor normal na Europa”, começou por dizer Mário Centeno, durante o debate quinzenal que decorreu esta terça-feira.
Para depois completar:
“Em 2017, a larga maioria dos países da Zona Euro teve um défice mais baixo e a esmagadora maioria prevê défices ainda mais baixos do que em Portugal para 2018 e 2019”.
Os factos
Portugal fechou o ano com um défice de 3%, contabilizando o impacto da recapitalização da CGD. Na Zona Euro (ou mesmo alargando a análise para a União Europeia), só mesmo Espanha registou um resultado pior, com um défice de 3,1%. Sem contar com esta injeção no banco público, o défice nacional em 2017 foi de 0,9%, o que representa o sexto maior défice entre os 19 países da Zona Euro.
Também no que toca a previsões Portugal não consegue ficar no grupo dos mais otimistas, ainda que tenha revisto em baixa as previsões para o défice deste ano e de 2019. No Programa de Estabilidade, o executivo de António Costa antecipa um défice de 0,7% este ano e de 0,2% em 2019.
A análise foi feita tendo em conta as previsões mais recentes feitas pelos governos de cada país da Zona Euro. Na maioria dos casos, já está disponível o Programa de Estabilidade deste ano; noutros, o documento mais recente é o último Orçamento do Estado. E há ainda o caso da Grécia, em que não foi possível encontrar as previsões para o défice.
Para 2018, há 12 países da Zona Euro que preveem excedente ou um défice mais baixo do que aquele que é esperado pelo Governo português. Chipre é o país mais otimista, ao antecipar um excedente de 1,3% este ano. Países Baixos, Malta, Alemanha e Lituânia também esperam excedentes. E há ainda sete países que antecipam ainda ter défice, mas mais baixo do que Portugal: Finlândia, Estónia, Eslováquia, Bélgica, Áustria, Irlanda e Luxemburgo. Assim, só Letónia, Eslovénia, Itália, Espanha e França preveem défices mais elevados do que Portugal em 2018.
No próximo ano, o cenário melhora para Portugal, mas também para os restantes países da Zona Euro e Portugal não consegue, por isso, chegar à metade da tabela dos países mais otimistas. Seis países esperam alcançar excedente nesse ano, com destaque para a Holanda, que espera um excedente de 1,7%. Áustria e Bélgica esperam um saldo neutro, de zero, e dez países preveem ainda um défice. Destes últimos, seis estão mais pessimistas que Portugal, que surge assim como o 11.º país com as previsões mais otimistas para 2019.
Previsões para o saldo orçamental feitas pelos governos da Zona Euro
Prova dos 9
Mário Centeno tem razão quando diz que a larga maioria dos países da Zona Euro registou um défice mais baixo do que Portugal no ano passado. A afirmação é correta tanto quando se contabiliza a recapitalização da CGD como quando se olha para o défice sem esse montante.
E também tem razão quando afirma que a maioria dos países da Zona Euro prevê, para 2018 e 2019, défices ainda mais baixos do que Portugal. As únicas ressalvas a fazer serão que, em 2019, Portugal já se aproxima claramente do meio da tabela, além de que faltam conhecer as previsões mais atualizadas de alguns dos países da Zona Euro.
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