Morreu Afonso Dhlakama, líder da Renamo
O presidente da Resistência Nacional Moçambicana morreu esta quinta-feira, aos 65 anos.
Afonso Macacho Marceta Dhlakama, presidente da Resistência Nacional Moçambicana (Renamo), morreu esta quinta-feira, aos 65 anos, disse fonte partidária à Lusa.
A notícia começou a ser difundida pelos meios de comunicação locais, como é o caso da Televisão Independente de Moçambique (TIM), que noticiou no Twitter.
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Segundo fonte partidária avançou à Lusa, a morte do líder da Renamo deu-se pelas 7h00 de Lisboa, na Serra da Gorongosa, centro de Moçambique, devido a problemas de saúde. O corpo deverá ser transferido na sexta-feira para o Hospital Central da Beira, acrescentou. Dhlakama vivia refugiado na serra da Gorongosa, desde 2016, como havia feito noutras ocasiões, quando se reacendiam os confrontos entre a Renamo e as forças de defesa e segurança de Moçambique.
Afonso Dhlakama terá sofrido uma crise relacionada com diabetes, acrescentou, o que levou os guardas com que se encontrava na sua residência a pedir apoio aéreo, fretado a uma empresa privada da cidade da Beira, para transferir o líder da Renamo. Um helicóptero deslocou-se até à Serra da Gorongosa, mas sem conseguir encontrar um local apropriado para aterragem junto à casa do líder da Renamo, conta a Lusa. Depois de descer a alguma distância, um médico assistiu Dhlakama, mas terá indicado que ele dificilmente resistiria ao transporte para o helicóptero, acrescentou a mesma fonte. A morte de Afonso Dhlakama acabaria por ser declarada no local.
“Afonso Macacho Marceta Dhlakama nasceu em Sofala, a 1 de Janeiro de 1953. É um político e militar revolucionário e líder da RENAMO (Resistência Nacional Moçambicana), o principal partido político da oposição em Moçambique. É ex-vice-presidente da Internacional Democrata Centrista, uma associação internacional, fundada em 1961 e sediada em Bruxelas, da qual a RENAMO é membro. É casado com Rosária Xavier Mbiriakwira Dhlakama e tem oito filhos“, lê-se no site da RENAMO.
Frelimo diz que morreu um “parceiro estratégico para a paz”
A Frelimo, partido no poder em Moçambique, considerou o líder da Renamo um parceiro estratégico para a paz e estabilidade, lamentando a morte do líder do principal partido da oposição. “Para nós, colheu-nos de surpresa e com muita dor, era um parceiro estratégico para a paz e estabilidade no país“, afirmou o porta-voz da Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo), Caifadine Manasse, em declarações ao canal privado STV.
Caifadine Manasse assinalou o empenho de Afonso Dhlakama no alcance com o Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, de um entendimento para uma proposta de revisão pontual da Constituição da República sobre o aprofundamento da descentralização do país. “Tudo indicava que ele estava a percorrer um caminho para a paz”, acrescentou Caifadine Manasse, pedindo serenidade e compromisso com a paz aos membros da Renamo. “A Renamo vai-se reorganizar, eles têm interesse em ver esta paz”, enfatizou.
Portugal envia condolências
O Governo português “recebeu com profundo pesar a notícia do falecimento de Afonso Dhlakama” e apresentou as condolências à família. Num comunicado enviado às redações, o Ministério dos Negócios Estrangeiros sublinhou “o papel de Afonso Dhlakama na história moçambicana” e o seu “empenhamento no processo que levou à assinatura do Acordo Geral de Paz em 1992”.
O MNE frisa ainda a importância de Dhlakama na “trégua de dezembro de 2016 no conflito entre o Governo de Moçambique e a Renamo”. Augusto Santos Silva sublinha que o falecimento de Afonso Dhlakama surge num contexto em que o presidente da Renamo e o Presidente da República de Moçambique, estavam em conversações para “alcançar a paz e a reconciliação em Moçambique”. Por isso, o “Governo português faz votos para que este desígnio seja plenamente realizado, em prol da estabilidade e desenvolvimento de Moçambique”.
Também Marcelo Rebelo de Sousa, lamentou a morte do líder da Resistência Nacional Moçambicana, pela qual expressou o seu pesar ao Presidente de Moçambique, Filipe Nyusi. Numa curta nota, de dois parágrafos, publicada no portal da Presidência da República, Marcelo “lamenta a morte de Afonso Dhlakama” e “apresenta as suas condolências à família” do presidente da Renamo, referindo que “anos atrás” os dois se encontraram em Moçambique.
“Em mensagem enviada ao Presidente Nyusi, o Chefe de Estado expressou o seu pesar pelo falecimento do líder da Renamo, partido com assento na Assembleia da República de Moçambique, e interlocutor privilegiado nos caminhos do diálogo, da paz e da concórdia neste nosso país irmão”, lê-se na mesma nota.
(Notícia atualizada)
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