Savannah estuda investimento de 100 milhões para exploração de lítio em Portugal
A empresa britânica está a estudar a possibilidade de investir 100 milhões de euros até 2020 para explorar lítio em Portugal. Decisão só será tomada no início de 2019.
A exploração de lítio em Portugal poderá envolver um investimento de 100 milhões de euros da britânica Savannah Resources e arrancar já em 2020, mas a decisão só será tomada no início de 2019, afirmou o presidente executivo, David Archer.
A Savannah Resources anunciou esta semana uma atualização em alta da estimativa de reservas de lítio na Mina do Barroso, no distrito de Vila Real, ao descobrir que o volume dos recursos é 52% maior do que pensava anteriormente.
A existência de 14 milhões de toneladas faz daquele “o maior depósito de espodumena de lítio na Europa ocidental“, mas Archer revelou à agência Lusa que existe potencial para serem identificadas mais entre oito a 12 milhões de toneladas, colocando o total na casa dos 20 milhões de toneladas.
A espodumena é um tipo de lítio considerado o mais importante e mais comercializado internacionalmente para alimentar a indústria de baterias de ião-lítio.
“Este é apenas um de entre uma série de depósitos na Europa e entre muitos outros depósitos no mundo. Estamos muito satisfeitos com a descoberta, mas existe uma enorme concorrência internacional entre projetos relacionados com lítio, e alguns são maiores e estão mais avançados. Temos de tentar apanhá-los e nada está garantido quanto a este depósito. Mas é muito promissor”, garantiu.
Para uma exploração de espodumena ser desenvolvida, Archer considera que 10 milhões de toneladas é o mínimo desejável, pelo que a Mina do Barroso oferece uma boa perspetiva de viabilidade.
A extração do mineral representa a fase ‘upstream’ da cadeia de valor da indústria de baterias: após retirada do solo, é processado localmente para produzir um concentrado de espodumena, um pó fino que é enviado para fábricas que vão desenvolver químicos de baterias.
Esse material é adquirido por fabricantes de células de baterias, que, por sua vez, vão ser incorporados em baterias usadas em veículos automóveis, o setor onde a Savannah Resources vê maior potencial de crescimento.
O próximo passo será completar um estudo exploratório, previsto para o final do semestre, ao qual se segue, segundo o executivo, “uma análise mais profunda, um estudo de viabilidade completo, com o objetivo de poder tomar uma decisão em torno do desenvolvimento da mina no início de 2019 e, se possível, iniciar a produção até 2020”.
A licença de exploração, válida até 2036 mas com direito para extrair apenas sete milhões de toneladas de lítio, quartzo e feldspato, terá de ser ampliada e financiamento angariado, além de identificados clientes para o material.
A empresa, cotada no índice AIM da Bolsa de Londres, destinado a companhias de menor dimensão, mas em crescimento, adquiriu 75% do projeto no norte de Portugal em 2017 por oito milhões de euros, aos quais somou três milhões de euros de investimento em perfurações e estudos técnicos.
“O investimento provavelmente chegará aos 100 milhões de euros para o desenvolvimento total. Vai dar um impulso significativo à economia da região no norte de Portugal e criar postos de trabalho numa área que está muito despovoada atualmente”, referiu Archer à Lusa.
A Savannah Resources recrutou até cerca de 20 pessoas, sobretudo localmente, para a fase de testes, mas o desenvolvimento da mina para iniciar a exploração poderá criar mais 150 empregos, “com um efeito multiplicador na região, porque vai atrair o desenvolvimento de outras empresas”.
Apesar de otimismo no projeto, David Archer receia que se tenham formado “expectativas irrealistas” relativamente ao que a indústria do lítio pode oferecer em Portugal, enfatizando que a extração mineira é um negócio difícil, arriscado e que demora a desenvolver.
“Este não é um presente do céu. Para se conseguir alguma coisa vai ser preciso muito trabalho da nossa parte, um investimento significativo e não haverão soluções rápidas. Surgiu a expectativa de uma ‘febre do lítio’, mas acho que ainda é um pouco cedo demais para falar nisso”, alertou.
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