“Pesadelo” da contabilidade dita primeiros prejuízos de Buffett em nove anos

É uma questão contabilista, mas deu “a volta” às contas de Warren Buffett. A Berkshire Hathaway, do milionário norte-americano, anunciou neste sábado o primeiro prejuízo em nove anos.

As regras que impõem que a Berkshire Hathaway reporte receitas não realizadas ou perdas em investimentos acionistas no resultado líquido, alimentou os prejuízos para 1,4 mil milhões de dólares (1,17 mil milhões de euros) relativos ao primeiro trimestre do ano reportados neste sábado pela companhia seguradora sedeada em Omaha. Tratou-se assim da primeiro vez desde 2009 que a empresa reportou prejuízos, segundo avança a Bloomberg.

Já em fevereiro, Warren Buffett alertava para o impacto negativo que esta alteração contabilística poderia ter nas suas contas. A “exigência produzirá algumas oscilações realmente selvagens e caprichosas nos nossos resultados”, disse o milionário na carta anual enviada aos acionistas em fevereiro. A mudança contabilística “distorcerá severamente os números do lucro líquido da Berkshire e, muitas vezes, irá enganar os analistas e investidores”, acrescentou. Buffett denominou esse efeito como um “pesadelo”.

De acordo com Buffett, os resultados operacionais funcionam como um melhor barómetro da performance da empresa, em parte devido ao facto de o portefólio de mais de 170 mil milhões de dólares da Berkshire flutuar de trimestre para trimestre.

No que respeita ao primeiro trimestre do ano, o balanço das contas da seguradora é bastante diferente quando comparado com o resultado líquido. A Berkshire Hathaway disparou 49%, nesse período, para os 5,29 mil milhões de dólares, de acordo com os dados divulgados neste sábado. Tratou-se da primeira vez de uma longa série de trimestres em que o lucro operacional da empresa não caiu.

O balanço das contas da Berkshire acontece no mesmo dia em que a seguradora faz a sua reunião anual em Omaha, no Nebraska, onde Warren Buffett, de 87 anos, e o vice presidente Charlie Munger, de 94 anos, vão responder a questões dos acionistas, jornalistas e analistas, durante cinco horas.