Esquerda radical abstém-se e viabiliza governo catalão
Quim Torra, da direita separatista, deverá ser empossado líder do governo catalão na segunda-feira, com a abstenção dos quatro deputados da esquerda radical.
A Candidatura de Unidade Popular (CUP, esquerda radical) vai viabilizar na segunda-feira a investidura de Quim Torra como presidente do governo catalão, ao manter as abstenções dos quatro deputados, mas sem garantir as condições de governação do futuro executivo.
A decisão, que foi tomada este domingo pelo conselho político da CUP, permite que na segunda-feira seja empossado Torra por maioria simples, com os votos favoráveis do Junts per Catalunya (JxCat, direita separatista) e da Esquerda Republicana da Catalunha (ERC), enquanto os restantes grupos parlamentares votarão contra – Cidadãos (direita liberal), Partido dos Socialistas da Catalunha, Catalunya En Comú-Podem (versão catalã do Podemos) e Partido Popular da Catalunha.
Em comunicado, a formação indicou que “não bloqueará a formação de um novo ‘Govern’”, num momento “complexo, marcado pela repressão e vulneração de direitos políticos e civis por parte do Estado”. No entanto, a formação antissistema sublinhou que, apesar de facilitar a investidura com as quatro abstenções, ficará na oposição na próxima legislatura, sem assegurar condições de governação do próximo executivo catalão.
A CUP tomou esta decisão após considerar que a proposta de programa de governo de JxCat e ERC “não avança na construção de medidas nem republicanas nem sociais, que respondam aos direitos e necessidades da classe trabalhadora e do resto das classes populares”.
A organização de esquerda radical afirma-se pronta para “assumir um papel de oposição ativa, trabalhando, dentro e fora das instituições, para gerar um novo ciclo do movimento independentista”.
Antes de ser conhecida a posição da CUP, o antigo presidente da Generalitat Carles Puigdemont pedira que a CUP fosse coerente, mantendo a abstenção na investidura de Quim Torra, como já fez com Jordi Turull, recordando que aquela organização “disse sempre que o nome não era um problema”.
O ex-conselheiro catalão Jordi Turull renunciou em abril à candidatura à tomada de posse, por se encontrar em prisão preventiva.
O líder do Partido Popular na Catalunha, Xavier García Albiol, já veio lamentar a decisão da CUP, argumentando que o candidato do JxCat representa uma minoria dos catalães.
“Mais de metade dos catalães terão amanhã [segunda-feira] um presidente que não nos representa e, o que é pior, nem pretende sê-lo”, escreveu Albiol na sua conta na rede Twitter.
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