Catalunha sem efeito nas exportações nacionais para Espanha
A crise da Catalunha não prejudicou as exportações portuguesas para Espanha. Pelo contrário, os dados de novembro divulgados pelo INE mostram uma aceleração nos meses de tensão política.
As exportações das empresas portuguesas para Espanha, o maior parceiro comercial de Portugal, continuam a aumentar. Após uma desaceleração no verão, os dados divulgados esta terça-feira pelo INE mostram que as exportações para Espanha aceleraram no trimestre terminado em novembro, período que já inclui os meses de tensão política. No total, as exportações portuguesas aumentaram 11,9% em novembro, em comparação homóloga, acima dos 10,4% das importações.
O Instituto Nacional de Estatística divulgou esta terça-feira as estatísticas do comércio internacional relativas a novembro. O défice comercial — que piorou 17 milhões de euros face ao mês homólogo, atingindo os 867 milhões de euros — é relativo apenas aos bens. De fora ficam os serviços, onde se inclui o turismo, que tem registado um excedente.
Fonte: Instituto Nacional de Estatística. Contas do ECO. Valores correspondem à variação homóloga no trimestre terminado no mês referido.
Um trabalho do Fórum da Competitividade divulgado recentemente estimativa que 16% das exportações portuguesas para Espanha estariam em risco por causa da crise na Catalunha, uma vez que a região tem um peso significativo na economia espanhola. Contudo, esse risco ainda não se concretizou. Os dados até novembro — utilizando uma análise com os trimestres terminados no mês referido para alisar as variações mensais — mostram que no final de 2017 as exportações nacionais de bens para Espanha até aceleraram.
A Catalunha é a segunda maior importadora espanhola de bens e serviços portugueses, apenas ultrapassada pela Galiza. Os 16% representam cerca de 1.700 milhões de euros do total das compras espanholas no mercado português. Esta relação entre a Catalunha e Portugal não parece, para já, estar a ser prejudicada por causa da crise. Apesar de não haver dados relativos à região, Espanha — no total — reforçou as suas relações comerciais com Portugal no final de 2017.
Os dados do INE mostram que apenas no mês de novembro, em comparação homóloga, as exportações para Espanha aumentaram 10,4% (+122 milhões de euros) enquanto as importações subiram 9,5% (+175 milhões de euros), tendo sido o país que mais contribuiu, em valor absoluto, para o crescimento das exportações e importações portuguesas.
Mas os efeitos podem ainda chegar nos próximos meses. O Banco de Portugal, por exemplo, estimou recentemente que o impasse na Catalunha pode tirar 0,3 pontos percentuais ao PIB português. “As perspetivas de crescimento da economia espanhola mantêm-se positivas mas, as tensões políticas prolongadas na Catalunha e a incerteza associada podem afetar a confiança dos consumidores e das empresas, determinando um impacto negativo sobre o crescimento económico espanhol, com consequências ao nível da procura dirigida aos parceiros comerciais”, descrevia o BdP.
Défice comercial aumenta 2,6 mil milhões de euros
O comércio internacional de bens continua a alargar o seu défice, uma tendência que se tem verificado em 2017. Até novembro, o saldo comercial piorou 2.632 milhões de euros face ao mesmo período de 2016. Na maior parte do ano, as importações — que têm uma base superior — foram aumentando a um ritmo superior das exportações, justificando este agravamento do défice comercial de bens.
É o que mostram também os dados relativos ao trimestre terminado em novembro de 2017 em que “as exportações e as importações de bens aumentaram respetivamente 10,2% e 13,2% face ao período homólogo”, indica o INE. O mês de novembro registou aumentos homólogos em quase todas as categorias económicas, destacando-se os aumentos das exportações de material de transporte (+38,6%) e das importações de combustíveis e lubrificantes (+34,9%).
No que toca aos combustíveis, houve uma variação significativa: as importações do Brasil aumentaram 186,8%, “fundamentalmente devido à aquisição de combustíveis minerais”, diz o INE. Contudo, a base era pequena pelo que esta variação representa apenas mais 58 milhões de euros nas importações portuguesas.
(Notícia atualizada às 12h10 com mais informação)
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