“Tudo o que podia correr mal, correu”. George Soros diz que há “nova grande crise” no horizonte
Do Brexit às políticas de austeridade que promoveram a ascensão de partidos populistas, Soros diz que "tudo o que podia correr mal, correu". Há uma grande crise no horizonte, garante o investidor.
Há uma nova crise financeira mundial no horizonte? Sim, diz George Soros, e a União Europeia está sob ameaça. Da escalada do dólar à tendência de fuga de capitais dos mercados emergentes, muitos são os sinais que o investidor citado pela Bloomberg aponta para justificar a sua previsão. Está também iminente uma crise “existencial” do espaço económico europeu, acrescenta o milionário.
Esta terça-feira, numa cimeira organizada pelo Conselho Europeu, em Paris, George Soros defendeu que o mundo “está a caminhar para uma nova grande crise financeira”. A saída dos Estados Unidos do acordo nuclear iraniano e a “destruição” da aliança transatlântica entre os norte-americanos e a União Europeia (UE) terão efeitos nefastos na economia global e provocarão a desvalorização dos mercados emergentes, notou o magnata.
Isto numa altura em que algumas das principais economias emergentes — como a Turquia e a Argentina — estão a ter dificuldades em enfrentar a subida da inflação. No início de maio, Mauricio Macri, Presidente da Argentina, confirmou que o país pediu, pela segunda vez, ajuda ao Fundo Internacional Monetário face à inflação elevada, à desvalorização da moeda nacional e às desfavoráveis condições externas (nomeadamente, no que diz respeito à escalada dos preços do petróleo).
“Tudo o que podia correr mal, correu”, salientou Soros, referindo-se ainda à crise dos refugiados, às políticas de austeridade e à consequente ascensão de partidos populistas ao poder, bem como à “desintegração territorial” que diz estar espelhada no Brexit. “Já não é uma figura de retórica dizer que a Europa está em perigo existencial, é uma realidade dura”, reforçou.
Quanto ao divórcio do Reino Unido do bloco europeu, o milionário (um conhecido defensor da permanência dos britânicos no projeto comunitário) garantiu que o processo levará mais do que os cinco anos estimados. “Cinco anos é uma eternidade na política, especialmente em tempos revolucionários como o presente”, enfatiza, de acordo com The Times.
Neste quadro de tensões e ameaças desenhado pelo investidor, como pode a Europa solucionar os seus problemas? George Soros sugeriu a aplicação de uma espécie de Plano Marshall financiado pela UE (que custará 30 mil milhões de euros por ano) a África, de modo a mitigar a pressão migratória. O fim da cláusula que promove a adoção do Euro pelos Estados-membros da União Europeia foi também sugerido pelo milionário. “O Euro tem muitos problemas por resolver que não devem destruir a União Europeia”, concluiu.
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