Fitch mantém rating de Portugal dois níveis acima de “lixo”
A agência Fitch manteve o rating da dívida de Portugal em BBB, dois níveis acima do patamar considerado investimento especulativo. Também deixou inalterado o outlook em zona "estável".
A agência Fitch manteve o rating da dívida de Portugal em BBB, dois níveis acima do patamar considerado investimento especulativo. Também deixou inalterado o outlook em zona “estável”.
Não surpreendeu a decisão da agência norte-americana anunciada esta sexta-feira, publicada poucos momentos após o fecho das bolsas em Wall Street. Isto sobretudo depois de ter subido a notação de risco da República em dois degraus de uma assentada em dezembro passado, um movimento considerado ousado pelos analistas e que deixava pouca margem para nova melhoria do rating desta vez.
“O rating de Portugal resulta do equilíbrio dos seus pontos fortes institucionais (os indicadores de desenvolvimento humano, governação e rendimento per capita estão todos acima dos pares com rating BBB) e da melhoria dos indicadores macroeconómicos e orçamentais com os muito elevados níveis de dívida pública e externa e vulnerabilidades no setor financeiro”, começa por justificar a Fitch no comunicado que acompanha esta sua decisão.
O tom da mensagem é globalmente positivo, sobretudo na frente económica:
- Sobre a dívida pública: “Os recentes desenvolvimentos macroeconómicos e orçamentais sustentaram a avaliação da Fitch de que a trajetória da dívida segue uma sólida tendência de queda e a descida do rácio da dívida pública vai continuar a médio prazo”.
- Sobre a economia: “A Fitch prevê uma desaceleração económica gradual para 2,2% em 2018 e 1,8% em 2019, em linha com o crescimento da Zona Euro. A melhoria das condições do mercado de trabalho sustenta o ímpeto de crescimento subjacente, com a taxa de desemprego a cair para 7,5% em março de 2018. Ao mesmo tempo, não há sinais de aumento da pressão salarial e dos preços, portanto a inflação permanecerá moderada nos próximos dois anos”.
- Sobre o défice: “Espera-se que a política orçamental restritiva prevaleça no médio prazo, orientada sobretudo pelas regras orçamentais europeias. De acordo com as estimativas da Comissão Europeia, o défice estrutural caiu em 0,9 pontos do PIB em 2017. Isso resultou de um forte esforço de política orçamental anticíclica no auge do ciclo económico. A Fitch prevê que o défice orçamental seja próximo de 1% em 2018 e 2019”.
Menos positiva foi a avaliação da Fitch em relação ao setor financeiro. “As vulnerabilidades do setor bancário continuam a refletir o legado da crise. O rácio do crédito malparada continua elevado, embora tenha recuado para 13,3% no final de 2017. As perspetivas de rentabilidade mantêm-se fracas num ambiente de muito baixas taxas de juro”, explicam os analistas da agência. E sublinham o peso que a recapitalização dos bancos continua a ter nas contas públicas.
“O Novo Banco deverá receber apoio adiciona através do mecanismo de capital contingente em 2018 e 2019. A Fitch estima que os custos orçamentais se situem em torno de 0,4% do PIB em cada ano”, projeta a agência.
Por fim, a Fitch deixa claro quais os motivos que a poderão levar a subir novamente o rating de Portugal:
- Redução substancial do rácio da dívida face ao PIB;
- Sinais de crescimento potencial significativamente mais forte no médio prazo, excedendo os 2%, sem comprometer o necessário ajustamento externo;
- Continuação do forte crescimento das exportações, que levou ao aumento dos excedentes em conta corrente.
(Notícia atualizada às 21h48)
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