Associados do Montepio preparam petição a pedir transparência na Mutualista

  • Lusa
  • 6 Junho 2018

Mais de 100 associados subscreveram uma petição a pedir mais transparência. Entre os signatários estão personalidades que nas últimas eleições integraram listas de oposição a Tomás Correia.

Associados da Associação Mutualista Montepio Geral estão a preparar uma petição para entregar à Mesa da Assembleia-geral a pedir maior transparência na Mutualista e alteração dos procedimentos nas eleições previstas para dezembro, disse à Lusa fonte ligada ao processo.

Entre os mais de 100 associados que subscrevem a petição estão personalidades que nas últimas eleições integraram listas de oposição a Tomás Correia, que venceu as eleições, como Bagão Félix (antigo ministro do Trabalho e das Finanças, em governos PSD/CDS-PP) e António Godinho (ex-trabalhador do Montepio e empresário), que em 2015 concorreram pela lista “Renovar o Montepio”, e ainda Eugénio Rosa (economista ligado ao PCP), Carlos Areal e Viriato Silva (atuais membros do Conselho Geral da Mutualista), que integravam a lista “Segurança, transparência, confiança na gestão do Montepio: defender o mutualismo”.

Entre os signatários da petição estão também as personalidades que organizam esta quinta-feira (7 de junho), pelas 17h45, uma sessão de reflexão sobre o Montepio, no Auditório Montepio Geral, em Lisboa.

A sessão terá como moderador Luís Campos e Cunha (professor de economia na Universidade Nova de Lisboa e ex-ministro das Finanças durante quatro meses no Governo PS de José Sócrates) e contará com a presença de Fernando Ribeiro Mendes (economista e professor no ISEG, administrador da Associação Mutualista Montepio, mas que já se afastou publicamente da gestão de Tomás Correia), Alexandre Abrantes (professor de saúde na Universidade Nova, que escreveu em 2015, com António Godinho, o livro “Renovar o Montepio), Eugénio Rosa e Lúcia Gomes (advogada).

No convite para o debate divulgado este fim de semana, o designado Grupo de Reflexão Mutualista considera que o momento atual, em que está para breve a publicação do Novo Código Mutualista, é o adequado para refletir “sobre os caminhos futuros do mutualismo e quais as formas como com independência, solidariedade e espírito de cidadania pretendemos fortalecer a ideia mutualista e o Montepio”, ouvindo “diferentes perspetivas sobre o associativismo e sobre o mutualismo”, mas que sirvam os mais de 620 associados do Montepio.

Várias personalidades ligadas a este grupo têm vindo a reunir-se nas últimas semanas para definir objetivos programáticos para a Associação Mutualista Montepio e encontrar pontos em comum dentro de várias tendências com vista a preparar uma lista para a Associação Mutualista Montepio Geral, de oposição ao atual presidente, Tomás Correia.

Em 2015, as eleições para a Associação Mutualista Montepio Geral foram ganhas pela lista liderada por Tomás Correia, com 58,7% dos votos, num processo então muito criticado pelas listas da oposição, que afirmaram que não tiveram todas acesso aos mesmos meios, nomeadamente por não poderem contactar os associados.

A lista de António Godinho avançou com uma providência cautelar para impugnar as eleições, mas sem sucesso.

A Associação Mutualista é o topo do Grupo Montepio, tendo como principal empresa a Caixa Económica Montepio Geral, que desenvolve o negócio bancário, de qual, até meados de 2015, Tomás Correia também era presidente. Atualmente, o presidente do banco mutualista é Carlos Tavares (ex-ministro da Economia do Governo PSD de Durão Barroso e ex-presidente da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários).

Em 2017, a Associação Mutualista apresentou nas contas individuais lucros de 587,5 milhões de euros, bem acima dos 7,4 milhões de euros de 2016.

Já os capitais próprios ficaram no ano passado positivos em 510 milhões de euros, a contrastar com os 251 milhões de euros negativos de 2016.

Para estes resultados contribuíram créditos fiscais de 808,6 milhões de euros, de que a Mutualista passou a beneficiar por em 2017 ter passado a pagar IRC (o imposto aplicado sobre os lucros das empresas).

A existência destes créditos fiscais provocou polémica, com críticas de vários partidos.

Em fevereiro, questionado sobre se se irá candidatar nas próximas eleições em dezembro, Tomás Correia considerou ser cedo ainda para tomar uma decisão, mas considerou que os candidatos até ao momento “não estão à altura do Montepio”.

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