Uma espécie de mediador entre máquinas e humanos? Sim, é uma das profissões do futuro em Portugal
Motivado pela revolução digital, o mercado de trabalho está a mudar. Técnico de relações entre máquinas e humanos e fiscal da vida online e real são algumas das profissões do futuro em Portugal.
“Vamos roubar os vossos empregos”. A frase é conhecida e deixou vários humanos aterrorizados. Foi proferida em Lisboa, durante o último Web Summit, por um robô. Ou melhor dizendo, por uma robô, a Sophia. Ela fala, tem aparência humana, aprende rápido e tornou-se a primeira máquina com cidadania num país, é cidadã da Arábia Saudita desde o ano passado.
Robôs como a Shopia, cada vez mais humanóides e inteligentes, já estão no mundo do trabalho. Agora um pouco solitários, mas num futuro próximo estarão rodeados por vários colegas semelhantes a eles. Estes novos empregados vão destruir postos de trabalho, mas vão nascer por todo o mundo outras profissões e essas terão de ser desempenhadas por humanos. Algumas vão pôr humanos a fazer a ponte entre outros humanos e as máquinas. Outras vão deixar os humanos do lado dos robôs para defendê-los sempre que for preciso.
Interessada no futuro do mercado de trabalho, a Kjaer Global, uma consultora internacional que trabalha para multinacionais como o BBVA, a Accenture ou a Sony, elaborou um conjunto de projeções sobre os novos postos de trabalho que surgirão em diferentes países europeus, como resposta àqueles que os robôs destruirão. O “New Renaissance Hotspots”, elaborado pela fabricante de telemóveis Huawei e pelo Institute of Arts and Ideas, em Londres, adicionou a estas projeções uma estudo que confirmou que a nova era, digital e tecnológica, oferece a todo o mundo a capacidade de ser digitalmente criativo.
“Estamos a entrar numa era em que todo o mundo tem potencial para criar e expressar-se”, concluiu a investigação. Reinventar profissões e pensar noutras que há uma década não fariam sentido faz parte dessa criatividade.
Técnico de relações? Sim, em Portugal
Para a Huawei e o Institute of Arts and Ideas, o futuro está nas relações e, por isso, fará todo o sentido surgir um profissional especializado nelas. O nome do cargo é técnico de relações e sua a função será mediar as relações entre as máquinas, as pessoas e as empresas. No entanto, com a crescente complexidade de relações, será importante não só mediá-las, mas também construí-las.
No futuro, devido à cada vez maior confusão da vida online, Portugal vai precisar de depuradores de imagem pessoal: alguém que vai garantir que a pessoa online e a física são coerentes entre si. Não haverá espaço para publicar na internet uma imagem fictícia, que não corresponda à realidade.
Em Espanha vão haver professores para os robôs
O nome mais correto é programador de educação para a inteligência artificial e é quem vai desenvolver uma educação inteligente para os robôs, que aprendem de forma semelhante às crianças.
Mas em Espanha também vai nascer um controlador de privacidade, o profissional que vai garantir que não existe nenhuma falha nem com a privacidade dos usuários, nem com o uso ético dos seus dados. Alguém que no meio de toda a criatividade, inovação e tecnologia, imponha limites éticos.
Advogado especializado em direitos dos robôs, direto para a Bélgica
Mas com os robôs a invadirem o mercado de trabalho, as situações em que as máquinas possam ser maltratadas ou injustiçadas podem aumentar. Para isso, alguns advogados farão uma especialização em direitos dos robôs e terão de defendê-los como fariam com qualquer outro cliente. Segundo a investigação, a especialização dos advogados em direitos de robôs assume uma grande importância à medida que estas máquinas ficam cada vez mais inteligentes e, quem sabe, desenvolvam algum tipo de sentimento.
Ainda na Bélgica, haverá lugar para outra nova profissão: o arquiteto da internet das coisas. Milhões de dispositivos, desde carros a torradeiras, começam a ter uma nova funcionalidade, a de conexão à internet. Neste contexto, este arquiteto tem a principal função de organizar a estrutura e desenvolver soluções criativas.
Agricultores celulares para Itália
No futuro, a agricultura vai sofrer algumas transformações. Em Itália vão produzir-se alimentos a partir de células, vai ser possível, por exemplo, fabricar leite sem vacas ou produzir carne sem recorrer a nenhum animal. É o futuro ético e sustentável que o estudo antevê.
O ensino tradicional, na sala de aula com o professor e com horários rígidos, vai alterar-se completamente. Cada vez mais vai ensinar-se à distância e, por isso mesmo, surgirá um desenhador de ensino. Este cargo é destinado a quem desenhe cursos e formas criativas de transmitir conhecimentos, através da internet.
Restaurador da natureza precisa-se, na Alemanha
Para reverter os danos causados pela atividade humana no meio ambiente, a Alemanha terá restauradores da natureza. Pessoas que vão, por exemplo, proteger as rotas de voo das aves ou a biodiversidade.
Atualmente, no mundo da tecnologia e da inteligência artificial, já há uma discrepância significativa entre o número de profissionais homens e de profissionais mulheres. Para combatê-la, e não deixar que a diferença se torne cada vez maior, haverá um profissional inteiramente preocupado com a igualdade de género. O diretor anti-preconceito na inteligência artificial vai garantir que se criam aplicativos livres de preconceitos culturais e certificar-se de que entram mulheres para esta área de trabalho.
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