Do crescimento económico sustentável à inclusão social. O ECO resumiu as 28 conclusões da cimeira do G7

O documento final com as conclusões da cimeira do G7 (rejeitado pelos EUA) debruça-se sobre questões como a inclusão, os conflitos, o ambiente e o crescimento sustentável. O ECO resumiu-as em tópicos.

A foto de grupo após a cimeira de líderes do G7. Donald Trump já não se encontrava presente.G7/Twitter

Já são conhecidas as conclusões da cimeira do G7, um encontro que reúne os líderes das sete maiores economias desenvolvidas do mundo que, juntas, representam mais de 62% da riqueza mundial. A reunião de dois dias ficou marcada pelas divisões entre os vários representantes e, sobretudo, pelas controversas ideias do Presidente dos EUA, Donald Trump.

Como é habitual, os países divulgaram um comunicado sumarizando as ideias gerais deste encontro, que começou na sexta-feira e terminou este sábado. São 28 tópicos no total, que tratam assuntos que vão desde o crescimento económico sustentado e inclusivo, o combate à pobreza e à discriminação, a igualdade de género, os conflitos armados em várias regiões do globo, o sistema fiscal e de segurança social ou até mesmo a saúde dos oceanos e as alterações climáticas.

Este comunicado foi inicialmente assinado por todos os países representados (Canadá, França, Alemanha, Itália, Japão, Reino Unido e EUA). Donald Trump, em representação dos EUA, decidiu afastar-se do documento pouco depois da sua divulgação. Abaixo, o ECO resume os pontos principais do documento, que já não conta com o apoio da representação norte-americana. Conheça-os.

Comércio mundial, o tema mais quente

  • É consensual: o comércio mundial foi o tema que marcou a reunião do G7 este ano. No relatório final, as nações do G7 comprometem-se a fazer “um esforço” para “reduzir” as barreiras tributárias e não tributárias, como forma de promover um comércio mais livre e aberto.
  • “Reconhecemos que o comércio e o investimento livre, justo e mutuamente benéfico, ao mesmo tempo que cria benefícios recíprocos, são motores chave para o crescimento e criação de emprego”, lê-se no relatório do G7.
  • As nações do G7 reconhecem ainda a “importância” de se firmarem acordos “bilaterais, regionais e plurilaterais” na promoção desses objetivos, ao mesmo tempo que se comprometem a “modernizar” a Organização Mundial do Comércio (WTO).

Crescimento inclusivo, precisa-se

  • O G7 admite, no documento, que “o crescimento económico é fundamental para aumentar os padrões de vida” da sociedade. No entanto, confessa que a aceleração da economia, verificada nos últimos tempos, não tem beneficiado todos, como seria de esperar. “As perspetivas económicas globais têm melhorado, mas muito poucos cidadãos têm beneficiado desse crescimento económico”, reconhecem as maiores economias do mundo.
  • “Assumimos a responsabilidade de trabalhar em conjunto para estimular crescimento económico sustentável que beneficie toda a gente e, em particular, aqueles que correm mais risco de serem deixados para trás”, refere o relatório final da cimeira do G7.
  • Segundo os líderes do G7, a melhoria da produção económica “é insuficiente” para medir o sucesso das políticas e, por isso, frisam que é “importante” monitorizar “outros indicadores económicos e sociais para medir a prosperidade e o bem-estar”.
  • Na sequência disto, os países do G7 apontam que, “por forma a garantir que todos contribuem de forma justa”, serão tomadas abordagens que “suportem os esforços internacionais de desenvolver sistemas fiscais justos, progressivos e eficazes”. “Vamos continuar a combater a fuga e a evasão fiscal”, alertam.
  • Um crescimento económico mais inclusivo também se faz de participação igualitária de agentes na sociedade e de sistemas de saúde que ajudem os cidadãos a terem vidas mais saudáveis e produtivas, aponta o relatório. “Comprometemo-nos a apoiar sistemas de saúde fortes e sustentáveis, que promovam o igual acesso a cuidados de saúde acessíveis e de qualidade e de prestar mais atenção à saúde mental”, dizem.

Tecnologia, não como ameaça mas como oportunidade

  • O relatório do G7 também se foca no desenvolvimento tecnológico, que tem potencial para apoiar as nações na perseguição dos objetivos propostos. Desde logo, o G7 “reconhece que uma abordagem mais humana à inteligência artificial tem o potencial de introduzir novas fontes de crescimento económico, trazer benefícios significativos às sociedades e ajudar a endereçar alguns dos desafios mais críticos”.
  • Contudo, para que a tecnologia não venha romper com o mercado de trabalho, o G7 indica que tomará medidas para “garantir que todos os trabalhadores têm acesso às capacidades e à educação necessárias para se adaptarem e prosperarem no novo mundo do trabalho, trazido pela inovação através das tecnologias emergentes”, reitera o relatório.
  • Ao mesmo tempo, o G7 indica que é importante garantir sistemas de segurança social mais eficazes e eficientes, de forma a “criar ambientes de trabalho de qualidade”.

Mais igualdade de género

  • “Reconhecemos que a igualdade de género é fundamental para a promoção dos direitos humanos e é um imperativo social e económico”, indica o G7, reconhecendo, porém, que a desigualdade neste campo ainda “persiste”. “Vamos continuar a trabalhar para remover barreiras à participação e poder decisório das mulheres nas esferas sociais, económicas e políticas”, lê-se no documento.
  • “O acesso igual à educação é vital para se atingir o fortalecimento e igualdade de oportunidades das raparigas e mulheres, especialmente em contextos de desenvolvimento e países que se veem a braços com conflitos”, continua o G7.

À procura de solução para os conflitos

  • No campo dos conflitos, o G7 debruça-se especialmente sobre o caso da Coreia do Norte e suas ambições nucleares, o comportamento da Rússia (que outrora fazia parte desta cimeira), o Estado Islâmico, o conflito israelo-palestiniano, o caso do continente africano, o Irão e o regime sírio.
  • “Continuamos a apelar à Coreia do Norte para que desmantele de forma completa, verificável e irreversível, todas as suas armas de destruição maciça e mísseis balísticos, bem como os programas e instalações relacionadas”, refere o G7, após a cimeira e numa altura em que Donald Trump se prepara para a reunião histórica com o homólogo norte-coreano esta terça-feira.
  • O G7 continua: “Apelamos à Rússia para que pare com o seu comportamento destabilizador de enfraquecer os sistemas democráticos e com o apoio ao regime sírio”.
  • Os países condenam ainda os ataques a civis, alegadamente por forças apoiantes do regime sírio de Bashar al-Assad e reitera os esforços de impedir a propagação do Estado Islâmico e do terrorismo.
  • No caso do Irão, o G7 indica que continua, de forma “permanente”, a “garantir que o programa nuclear do Irão continua pacífico e em linha com as suas obrigações internacionais”.
  • “Continuamos preocupados com o conflito israelo-palestiniano, especialmente à luz dos recentes eventos”, indica o relatório do G7. Isto depois da decisão de Donald Trump de instalar em Jerusalém a embaixada dos EUA em Israel, decisão que fez incendiar os ânimos numa região que é assumida como capital pelos dois países (Israel e Palestina).
  • “A segurança, estabilidade e desenvolvimento sustentável do continente africano é uma prioridade para nós”, aponta ainda o G7, reiterando o compromisso de participar em iniciativas encabeçadas pelos países desta região. O objetivo é promover e potenciar o continente africano.

A questão ambiental, uma ameaça silenciosa

  • O relatório inclui ainda vários tópicos que se debruçam sobre a saúde dos oceanos, o aquecimento global e as alterações climáticas no geral, reconhecendo-as como fenómenos provocados pela atividade humana.
  • “Canadá, França, Alemanha, Itália, Japão, Reino Unido e União Europeia reafirmam o compromisso de implementar o Acordo de Paris, através de ações climáticas ambiciosas”, lê-se no documento.
  • Outro aspeto de relevo é, por fim, a transição para fontes energéticas sustentáveis, pelo que o G7 assume o compromisso de criar um “mercado baseado em tecnologias que usem energia limpa”.

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