Marcelo prefere “paciência dos acordos”, mesmo se difíceis
Numa altura em que começam as negociações para o Orçamento do Estado, o Presidente da República disse, nas cerimónias do Dia de Portugal, que o país prefere a "paciência dos acordos" a uma rutura.
O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, sinalizou este domingo, no Dia de Portugal, que o país prefere a “paciência dos acordos, mesmo se difíceis”, à “volúpia das roturas, mesmo se tentadoras”. Numa intervenção curta, de cerca de cinco minutos, o chefe de Estado elogiou a diáspora portuguesa e o “abraço” que Portugal dá “a quem chega, migrantes ou refugiados”, e a cultura de “pontes, diálogos, entendimentos”.
“Preferimos a paciência dos acordos, mesmo se difíceis, à volúpia das roturas, mesmo se tentadoras. O multilateralismo realista ao unilateralismo revivalista”, sublinhou Marcelo Rebelo de Sousa, falando em Ponta Delgada, nos Açores, nas comemorações do Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas.
O chefe de Estado teceu ainda elogios aos “muitos Portugais” que garantem “riqueza” ao país e frisou que não pode ser tolerada discriminação nesta diversidade identitária. No discurso do 10 de Junho, nos Açores, o chefe de Estado valorizou “um só Portugal” que existe, mas que é “feito de muitos Portugais, que podem e devem ser diversos”.
“Não toleraremos que [os vários Portugais] sejam discriminados naquilo que de essencial assinala o estatuto da nossa cidadania cívica, económica, social e cultural”, sublinhou. As comemorações do Dia de Portugal, que se iniciaram no sábado, continuam este domingo em Ponta Delgada, nos Açores, estendendo-se a Boston e Providence, nos Estados Unidos da América, ao final do dia.
A habitual Cerimónia Militar, que decorreu no centro da maior cidade açoriana, contou com a participação de mais de mil militares dos três ramos das Forças Armadas. O Presidente da República e o primeiro-ministro, António Costa, partem esta tarde para os Estados Unidos da América.
"Preferimos a paciência dos acordos, mesmo se difíceis, à volúpia das roturas, mesmo se tentadoras. O multilateralismo realista ao unilateralismo revivalista.”
É fundamental rever o Estatuto da Madeira sem revisão constitucional, diz representante
O representante da República da Madeira disse este domingo ser fundamental finalizar a revisão do Estatuto Político Administrativo desta Região Autónoma, referindo que este projeto não deve ser condicionado pela alteração da Constituição. “Entendo ser muito importante — digo mesmo, fundamental — completar o processo de revisão do Estatuto Político-Administrativo da Região Autónoma da Madeira”, declarou Ireneu Barreto no discurso da cerimónia de entrega de três condecorações, no dia 10 de Junho, Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas, no Palácio de São Lourenço, no Funchal.
O juiz conselheiro declarou que “este processo não foi ainda concluído, 14 anos volvidos sobre a revisão constitucional de 2004, que deu o último grande impulso autonómico às Regiões”, defendendo que a sua conclusão “deve ser separada de qualquer novo projeto ou processo” de alteração da Constituição. “Não há, a meu ver, justificação para uma subordinação desse tipo, que em nada beneficiará a autonomia da Região”, opinou.
Para o representante importa “consolidar o nível de autonomia constitucionalmente consagrado, através da revisão do Estatuto, para, a partir daí, se analisarem novas formas de incrementação da mesma”, o que passa pelo melhor conhecimento da realidade regional pelos órgãos de soberania. Ireneu Barreto falou do esforço dos portugueses que deram ao país uma dimensão continental e de ilhéus, tendo evidenciado ao longo dos tempos a “capacidade e facilidade de estabelecer relações com outros” que é “impar na história de outros Estados”.
O juiz conselheiro apontou que “nos últimos anos, Portugal tem sido forçado a rever vários aspetos dos seus paradigmas tradicionais”, sendo necessário ter “uma economia estruturalmente forte e consolidada e não apenas conjunturalmente mais animada”. “Aqui, creio, temos ainda um longo caminho pela frente a nível nacional e regional”, disse, destacando a importância do Centro Internacional de Negócios da Madeira (CINM).
Nesta área, mencionou os que encaram o CINM de “forma negativa”, porque “desconhecem o real impacto por este produzido na economia regional e nacional”, apontando que tem “uma enorme importância, não apenas para a Região, mas também para o país.” “Estamos face a um eixo fundamental da economia regional e nacional que deve ser acarinhado e defendido por todos, incluindo aqueles que, no exercício do poder político, têm responsabilidades nesta matéria”, realçou.
O representante ainda salientou o papel do turismo na economia da Madeira, considerando “urgente a revisão das condições de operabilidade do Aeroporto do Funchal” e instando o Governo Regional a “exigir que os constrangimentos sejam revisitados, repensados e, se possível, mitigados, para que ele venha a cumprir cabalmente a sua função de sustentabilidade” do setor. Deixou uma palavra às vitimas das catástrofes que a assolaram a região, às comunidades espalhadas pelo mundo, em especial aos emigrantes na Venezuela que passam uma situação difícil.
Ireneu Barreto destacou igualmente “o contributo” do Presidente da República no reerguer e na reafirmação da dimensão humana e afetiva dos portugueses”, opinando que “a sua ação tem-nos permitido fazer compreender que somos um povo e uma nação capaz de se superar, mesmo nas mais graves adversidades”. Neste dia 10 de Junho, por sugestão do representante, foram condecorados uma empresária da área hoteleira Muriel Dilly Henriques de Freitas Santos Ribeiro, o velejador olímpico João Rodrigues e a associação musical e cultural Xarabanda.
O programa comemorativo do 10 de Junho na Madeira incluiu, entre outros momentos, o hastear da bandeira nacional, no Palácio de São Lourenço, uma cerimónia de colocação de flores junto ao Monumento do Emigrante Madeirense “Monumento ao Emigrante Madeirense”, alguns momentos musicais.
(Notícia atualizada às 13h17 com mais declarações do Presidente da República)
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