Toma lá, dá cá. Conheça as cedências de Trump e Kim no primeiro encontro
Como num primeiro encontro a valer, os dois líderes levam presentes para trocar. A questão é quem vai ficar mais contente.
Primeiro ia acontecer. Depois foi desmarcado. Afinal vai mesmo acontecer. Donald Trump e Kim Jong Un vão estar frente a frente na madrugada desta segunda-feira (hora de Lisboa) em Singapura, num primeiro encontro que se prevê um dos mais tensos da história dos primeiros encontros.
Após a entrada de Trump, a Casa Branca mudou drasticamente a abordagem relativamente à Coreia do Norte. Enquanto Barack Obama seguiu um caminho de “paciência estratégica”, o republicano entrou com “fogo e fúria” caso o “little rocket man” não largasse mão da sua estratégia nuclear.
As ameaças foram sendo trocadas e custaram muitos sustos aos países vizinhos, que estiveram várias vezes em risco de um ataque nuclear, e até as bolsas mundiais, que nas semanas mais tensas perderam milhares de milhões de dólares. Este encontro teve de ser preparado com o maior do rigor.
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Mike Pompeo, secretário de Estado de Trump, esteve duas vezes em Pyongyang para garantir que tudo estava a decorrer como previsto, enquanto Kim Yong Chol, oficial norte-coreano, deslocou-se uma vez a Washington para limar arestas. Cenário final: Hotel Capella, na ilha paradisíaca de Sentosa, na costa sul de Singapura.
Armas nucleares em troca de paz
Se num primeiro encontro o sítio escolhido é muito importante — e vê-se que os dois líderes não se pouparam a luxos –, as prendas também fazem a diferença. Assim, Trump levará um ramo de promessas de melhorias para a economia norte-coreana, enquanto Kim porá as suas armas nucleares numa bandeja de prata. Isto se tudo correr bem.
O grande assunto a discutir vai ser então a desnuclearização da Coreia do Norte, que está fortemente armada desde a Guerra das Coreias. Este confronto entre norte e sul acabou nos anos 50, com os EUA a serem os aliados da Coreia do Sul, mas nunca foi assinado um tratado de paz. Assim, Kim Jong Un continua preparado para qualquer eventualidade, quer seja em relação aos vizinhos de baixo ou aos seus aliados.
Os Estados Unidos querem que este clima de paz armada acabe e que comece assim a reconciliação entre os dois países. As conversações entre Kim e Moon Jae-in, presidente da Coreia do Sul, já começaram, tendo estes estado reunidos pela primeira vez em uma década. Ainda assim, o aperto de mão só pode ser dado quando a confiança for o único sentimento a unir os líderes.
E para que tudo isto aconteça, o presidente dos Estados Unidos promete cancelar todas as sanções económicas aplicadas ao país e contribuir para que este deixe de ser visto como uma pária para o resto do mundo, mas como um aliado nas políticas e nos negócios. Algo que a economia norte-coreana bem precisa.
O PIB per capita do país é um dos mais baixos do mundo, ficando abaixo dos dois mil dólares. Com 80% das exportações do país a irem diretamente para a China, o problema da dependência comercial é também um dos mais graves. Em 2017 a Coreia do Norte registou exportações de perto de dois mil milhões de dólares, uma queda de mais de 60% face ao máximo deste século.
Assim, caso as sanções sejam levantadas e o país passe a ser visto como um bom parceiro comercial, a Coreia do Norte pode passar a ser uma das economias mais importantes do planeta, algo que Kim vê com muito bons olhos.
Trump diz que é uma questão de “atitude”
Ainda que esta reunião seja um passo positivo em direção a um grande objetivo, é impossível falar já de sucesso. Este está dependente de todo e qualquer movimento dos dois líderes. E a imprevisibilidade é muito alta.
"Acho que estou muito bem preparado. Acho que não tenho de me preparar muito. É uma questão de atitude. É uma questão de vontade de fazer as coisas. Mas acho que me tenho estado a preparar há muito tempo.”
Os cenários prováveis são três: o encontro corre bem e começa assim o caminho para paz transpacífica, composto por mais reuniões e cedências, o encontro segue sem problemas, mas não nenhuma das partes se compromete a aplicar medidas imediatas, ou, no pior caso, este encontro servirá apenas para adensar a tensão entre os países. Trump já provou este fim de semana na reunião dos G7 que a última opção é mais provável do que se poderia pensar.
Donald Trump já garantiu que está seguro de que as coisas vão correr bem. Aos jornalistas afirmou: “Acho que estou muito bem preparado. Acho que não tenho de me preparar muito. É uma questão de atitude. É uma questão de vontade de fazer as coisas. Mas acho que me tenho estado a preparar há muito tempo”.
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