Na UmbigoLAB, os artistas têm espaço para experimentar e divulgar o seu trabalho e os entusiastas podem apreciar boa arte. Mas quem quer publicar só entra com convite.
Facebook, Twitter, Instagram, LinkedIn, Medium, Tumblr, Pinterest. Já faltam dedos nas mãos para contar as redes sociais que são utilizadas atualmente, cada uma para seu propósito. Uma para partilhar as imagens das férias, outra para falar de trabalho, outra que ninguém sabe para que serve.
Mas para os artistas, curadores e colecionadores há uma rede social nacional que promete acabar com toda esta confusão e focar-se no mais importante: a arte. Chama-se UmbigoLAB e é a irmã mais nova da Umbigo Magazine, a revista de arte, cultura, moda e lifestyle que tem já 16 anos.
Uma das fundadoras, Elsa Garcia, explica ao ECO como é que isto acontece: “Todas as pessoas podem inscrever-se, mas apenas os artistas podem publicar, porque é uma rede controlada. Para além disso, os artistas só entram com convite.” Ou seja, é uma rede social a que todos podem aceder e interagir, mas onde nem todos podem produzir. A escolha está nas mãos da equipa da UmbigoLAB.
“O convite surge porque estamos fartos do lixo cibernético que existe hoje em dia, em que toda a gente pode publicar tudo”, continua a também artista. “Claro que os critérios são nossos, mas os critérios de qualquer museu, de qualquer galeria, também são das equipas”, acrescenta ainda o cofundador da plataforma, António Néu.
"As pessoas perguntam-nos como arranjam convite, ou dizem que não faz sentido que seja fechada. O UmbigoLAB nunca vai ser um novo Facebook ou um novo Instagram porque é um projeto para o meio e para as pessoas que gostam de arte. E também não queremos sê-lo.”
Como se cria a rede?
Voltando atrás, dois anos antes de a rede ser lançada, ou seja, em 2015, o conceito andava a marinar nas mentes dos criadores. Queriam uma plataforma que juntasse os artistas aos amantes de arte, mas que não se perdesse no marasmo da internet, para que a qualidade dos conteúdos fosse mantida.
“Há uma confusão com o conceito de democracia atualmente, porque as pessoas têm direitos e têm deveres, mas deixaram de ser cidadãos, são consumidores. E alguém consome pensa que tem direito a tudo, até a expor”, explica António Néu, designer gráfico. “Para todos os outros já existe o Facebook, o Instagram…”
Decidiram apresentar a ideia à Fundação Millennium BCP, uma das instituições nacionais que, segundo os dois artistas, tem feito muito no apoio às artes e aos jovens artistas. “Já há poucos mecenas em Portugal, mas a Fundação Millennium apoiou-nos e ajudou-nos nas fases mais dispendiosas: a criação da plataforma, a programação, etc.”, afirma Elsa Garcia. O donativo da fundação foi recebido no fim do ano passado e, desde então, o trabalho tem sido angariar artistas, curadores, entusiastas e colecionadores.
Dois meses depois de ter entrado no ar, a plataforma conta já com mais de 100 artistas registados, outros tantos entusiastas, uma dezenas de curadores e outra dezena de consultores. E qual é a diferença entre todos estes nomes? Como já sabemos, apenas os artistas e os curadores podem publicar conteúdo, mas os curadores têm ainda mais poder, ao terem autorização para organizar exposições online, com qualquer uma das peças publicadas na rede social.
“A ideia é que a triagem seja feita por nós, pelos curadores e pelos conselheiros e que permita que se torne uma ferramenta importante para museus, curadores, para colecionadores, para que as pessoas não tenham de desbastar tudo o que não é bom”, diz ainda Elsa.
Depois, há as semelhanças com as outras redes. É possível pedir em amizade os artistas, para que os seus trabalhos apareçam diretamente no feed, pôr gostos e comentar as publicações e até falar diretamente com os utilizadores, através do serviço de mensagens. “Os artistas também podem vender os seus trabalhos através da plataforma sem que nós cobremos alguma coisa por isso. Esta não é uma rede que nos vá dar dinheiro. Só se for vendida por 10 milhões de euros, como costuma dizer o António”, diz, entre risos, Elsa.
Acabar com a instantaneidade
O UmbigoLAB conta com o apoio da Fundação Millennium durante um ano, numa espécie de processo de incubação. Foram todas as particularidades desta rede social que atraíram o interesse dos investidores e que continua a chamar a atenção dos artistas. Ainda assim, os criadores têm recebido muitas críticas a este modelo de funcionamento.
"Não é uma rede de post imediato, por isso também não vai crescer instantaneamente. Queremos que tudo seja bem pensado.”
“As pessoas perguntam-nos como arranjam convite, ou dizem que não faz sentido que seja fechada. O UmbigoLAB nunca vai ser um novo Facebook ou um novo Instagram porque é um projeto para o meio e para as pessoas que gostam de arte. E também não queremos sê-lo”, afirma Elsa Garcia.
O conceito de arte pensada, planeada e alvo de curadoria é latente noutro dos aspetos particulares da rede. Os artistas não podem publicar na rede através dos seus smartphones, ainda que a rede social tenha uma aplicação disponível para Android e iOS. “Queremos evitar o que acontece nas outras redes, em que as pessoas fazem qualquer coisa e publicam-na diretamente no seu perfil”, acrescenta António. “Não é uma rede de post imediato, por isso também não vai crescer instantaneamente. Queremos que tudo seja bem pensado.”
Com todo este ecossistema protegido, os criadores da UmbigoLAB sublinham também uma parte do seu ADN que está presente no nome que escolheram. “Chama-se UmbigoLAB porque é para ser um laboratório de experimentação em ambiente digital, onde os jovens artistas possam estar, onde despertem novos colecionadores e onde os artistas no meio de carreira também possam ter um lugar.”
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Há uma rede social de artistas portuguesa e saiu da revista Umbigo
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