CIP pede a Governo para investir na ferrovia de mercadorias. Espanha já leva “30 anos de avanço”
Para a Confederação Empresarial de Portugal", os planos anunciados para as linhas ferroviárias são "sinal alarmante do autismo do Governo em relação às necessidades futuras do país".
A Confederação Empresarial de Portugal (CIP) apela ao Governo para que faça mudanças nas condições das infraestruturas ferroviárias portuguesas, de modo a que possam proporcionar o transporte terrestre competitivo de exportações. Entre críticas às medidas que têm sido anunciadas, os empresários dizem que Portugal está três décadas atrasado em relação a Espanha.
Para os patrões “em relação a Portugal, Espanha tem 30 anos de avanço na construção de rede ferroviária de bitola europeia, com o primeiro troço a ser construído em 1988″. Na vista da Confederação, o Programa Nacional de Investimentos 2030 é a “última oportunidade do país para suprir as enormes fragilidades competitivas da ferrovia nacional”, e urgem que os decisores políticos tenham “seriedade no tratamento de uma questão estrutural para o país”, em comunicado enviado às redações.
“A decisão que for tomada no âmbito do Programa Nacional de Investimentos 2030 irá condicionar a competitividade da economia portuguesa, o emprego e a criação de riqueza, possivelmente em três décadas, ou mais. Trata-se de um investimento estruturante para o país e para as gerações futuras”, alerta Luís Mira Amaral, Presidente do Conselho da Indústria da CIP, citado em comunicado.
No lançamento do concurso da empreitada para requalificação do IP3, António Costa relembrou que os empresários e todos aqueles interessados no desenvolvimento do território são convidados “a terem uma participação ativa no desenho do que devem ser as prioridades para a próxima década“.
Aceitando o convite, a Confederação criticou fortemente os planos do Ferrovia 2020, e o recente anúncio do lançamento de concurso para a modernização da Linha da Beira Alta, entre Cerdeira e a Guarda, com um valor de 11 milhões de euros, que apelidam de um “sinal alarmante do autismo do Governo em relação às necessidades futuras do país”.
A União Europeia fixou, em 2011, os objetivos de ter mais de 50% do tráfego de mercadorias em distâncias superiores a 300 quilómetros transferido da rodovia para os modos marítimo e ferroviário até 2050, meta que os empresários acusam o Governo de ignorar.
A CIP refere comparativamente o caso de Espanha, que “investe milhares de milhões de euros do Orçamento de Estado todos os anos na rede ferroviária de bitola europeia, bem como avultados Fundos da UE e planeia manter o ritmo de investimento”.
As linhas ferroviárias internacionais, que vão servir o transporte de mercadorias de Portugal para a Europa, são do ponto de vista dos patrões, baseadas em “remendos de linhas do século XIX com traçados em grande parte obsoletos, e em via única, ou seja, com capacidade limitada”.
O ministro do Planeamento e das Infraestruturas, Pedro Marques, disse que os investimentos ferroviários em curso “estão todos encostados à fronteira com Espanha”, e que essa zona está a ser privilegiada.
O Conselho da Indústria da CIP recomenda o desenvolvimento dos projetos das linhas férreas internacionais em bi-bitola, e a adaptação dos respetivos traçados, “desenvolvendo-os o mais possível para maximizar as probabilidades de sucesso a novas candidaturas a Fundos da União Europeia”, aconselham.
A Confederação lembrou ainda que os agentes económicos exportadores nacionais, questionados no último inquérito realizado pela CIP, não mostraram uma opinião positiva. No comunicado citaram a Renova, que afirmou que “as empresas portuguesas que quisessem continuar a exportar inevitavelmente teriam que deslocalizar a sua produção para outros países europeus que dispusessem de alternativas competitivas de transporte terrestre de mercadorias na ligação aos principais mercados europeus”.
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