Presidente da Associação dos bancos diz que geringonça não vai durar

Faria de Oliveira critica os modelos dos governos de Portugal e de Espanha. O presidente da APB diz serem "soluções temporárias e precárias". Relativamente aos juros negativos fala em populismo.

Faria de Oliveira teceu críticas aos modelos dos atuais governos tanto de Portugal como de Espanha. O presidente da Associação Portuguesa de Bancos (APB) considera que são “soluções temporárias e precárias” e que resultam de “acordos de conveniência”.

As críticas do presidente da APB foram proferidas esta quinta-feira, no âmbito de uma conferência organizada pelo International Club of Portugal, da qual foi o orador principal. Perante uma plateia que incluiu responsáveis da banca, dos seguros, empresários e diplomatas, Faria de Oliveira começou por falar numa falta de “cultura de compromisso” no atual ambiente político que torna “difícil gerar soluções políticas estáveis”. Salientou ainda que o processo governativo se torna mais complexo quando, “em acordos governativos, com vista à obtenção de uma maioria parlamentar, estão partidos que não acreditam ou rejeitam a economia de mercado“.

Neste sentido, fala em “soluções governativas que não são projetos políticos, mas acordos de conveniência, não têm consistência e comportam riscos para o futuro”. Estas declarações são feitas a pouco mais de um ano das eleições legislativas e numa altura em que se discute politicamente a viabilidade da geringonça para a próxima legislatura.

O presidente da associação que representa os bancos, que também já assumiu cargos em governos do PSD, apelou ainda que “a formação de governos deve privilegiar soluções estáveis com projetos políticos consistentes com os modelos políticos e económicos apresentados a escrutínio eleitoral”.

Devolução dos juros negativos da casa? Medida “populista”

Mas Faria de Oliveira lançou mais farpas ao Governo de António Costa, nomeadamente no que respeita ao novo regime que obriga os bancos a devolverem os juros negativos no crédito à habitação. “Não faz sentido que se introduzam em Portugal medidas legislativas várias de caráter populista que penalizam os bancos portugueses em relação aos congéneres europeus”, disse, fazendo alusão a esse novo regime que entrou em vigor há poucos dias.

Em declarações aos jornalistas à margem desta conferência, Faria de Oliveira assumiu que esta declaração se referiu aos juros negativos da casa, bem como outras medidas que considera que estão a ser tomadas em prejuízo dos bancos.

“Há vários projetos legislativos que foram sendo apresentados e que, do nosso ponto de vista, têm implicações enormes de solidez das instituições bancárias“, disse. E acrescentou: “Os bancos exercem uma função fundamental para a sociedade e não podem ser discriminados em Portugal em relação ao que se passa em todos os outros países da Europa. E, algumas dessas medidas, não têm paralelo em nenhum país da Europa ou Estados Unidos. Não fazem nenhum sentido. Procuram responder a certo tipo de reivindicações“.

Faria de Oliveira não se mostra preocupado com o impacto imediato da medida, lembrando que a devolução de juros do crédito da casa se aplica a um conjunto muito reduzido de contratos. Aquilo que receia é o futuro impacto que a medida pode vir a ter. “Não é o impacto imediato que me assusta. Vai aplicar-se a muito poucas pessoas e, principalmente, só aquelas que têm spreads muito baixos”, diz. “O problema é o precedente terrível. Se houvesse por qualquer razão uma situação bem mais complicada, o impacto global seria então verdadeiramente sistémico“, avisa. “É contra este tipo de medidas que nós não podemos concordar”, concluiu.

(Notícia atualizada às 16h17)

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