Angola e FMI em negociações sobre programa de assistência técnica
Angola irá implementar um programa de assistência técnica coordenado pelo FMI. Preços do litro da gasolina poderão subir para 320 kwanzas (1,14 euros) e do gasóleo para 270 kwanzas (0,96 euros).
Angola e o Fundo Monetário Internacional começaram esta quarta-feira, em Luanda, a trabalhar nas negociações do programa Instrumento de Coordenação de Políticas (Policy Coordination Instrument, PCI), ligado à assistência técnica, indica uma nota do Ministério das Finanças angolano.
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A adesão de Angola ao programa de assistência técnica foi pedida por Luanda em abril passado, durante as reuniões de primavera das instituições de Bretton Woods, tendo ficado definida a realização de uma missão do FMI, que se encontra na capital angolana, permanecendo até 14 deste mês.
Entre os temas a abordar entre as duas partes, que decorrerão em encontros setoriais, estão aspetos como a evolução do setor real da economia, o sistema monetário e bancário, com o Banco Nacional de Angola (BNA), bem como a execução orçamental, o investimento público e a situação da dívida pública, com o Ministério das Finanças.
Paralelamente serão analisados os desenvolvimentos recentes e as perspetivas para a Sociedade Nacional de Combustíveis de Angola (Sonangol) e o setor petrolífero, bem como será feita uma recolha de informação detalhada sobre o respetivo plano de reestruturação do grupo.
A evolução da receita não petrolífera, as projeções de receitas para 2018/19 e o plano de introdução do Imposto sobre o Valor Acrescentado (IVA, previsto para janeiro de 2019), este em análise com a Administração Geral Tributária (AGT) são os restantes temas em discussão.
A missão do FMI, prossegue o comunicado, vai ter também reuniões de trabalho com entidades como a Inspeção Geral da Administração do Estado (IGAE), Fundo Soberano de Angola (FSA) e Procuradoria-Geral da República (PGR), bem como com as principais empresas públicas e privadas nacionais e instituições do sistema financeiro.
“Numa segunda etapa, os trabalhos da missão do FMI irão cingir-se à negociação mais direta das metas quantitativas do PCI com uma equipa multissetorial do Executivo”, lê-se no documento, que dá também conta da realização de uma conferência de imprensa no final dos trabalhos.
O PCI é um programa não financeiro que visa a assistência técnica para a implementação das medidas contidas nos principais documentos de gestão macroeconómica do país, como o Programa de Estabilização Macroeconómica, iniciado em janeiro deste ano, e deverá contribuir para o aumento da credibilidade externa, com efeitos positivos na captação de Investimento Direto Estrangeiro (IDE).
Esta missão é coordenada pelo economista francês Mario de Zamaroczy, novo responsável do FMI para Angola, e integra especialistas das áreas em discussão no quadro do acordo em negociação.
Em junho, após duas reuniões integradas no contexto de consultas regulares, o FMI defendeu que o Governo angolano terá de duplicar o preço do litro de gasolina e de gasóleo em oito meses, para eliminar os subsídios que atribui à petrolífera estatal Sonangol para manter os preços baixos.
Se a recomendação for atendida, o preço do litro de gasolina em Angola subiria para 320 kwanzas (1,14 euros) e o do gasóleo para 270 kwanzas (0,96 cêntimos).
Tal como no período entre 2014 e 2016, em que o Governo já reduziu os subsídios aos preços, este ajustamento, segundo a missão do FMI, “poderá ser implementado gradualmente ao longo dos próximos oito meses”, de forma a “suavizar o impacto na inflação”.
Noutra missão, em fins do mesmo mês, o FMI mostrou-se preocupado com o crédito malparado no Banco de Poupança e Crédito (BPC), o maior banco angolano, recomendando ao Governo que nova injeção de liquidez fique condicionada à concretização do plano de reestruturação e mantendo-se proibida a concessão de novos empréstimos.
Preocupado também com a situação da banca angolana, e a sua falta de liquidez, o FMI, na avaliação de então, concluiu que os bancos angolanos, e sobretudo os detidos pelo Estado, enfrentam um cenário de crédito malparado muito elevado, apontando o caso do BPC como o mais crítico: “Permanece fracamente capitalizado, dependente do BNA para liquidez, e o ritmo de sua reestruturação operacional tem sido lento”.
De acordo com o FMI, desde 2014, com o início da crise do petróleo, que colocou em evidência a gestão dos bancos, que Angola tem investido anualmente mais de 4% do Produto Interno Bruto na recapitalização das instituições financeiras.
Em 2018, segundo o FMI, Angola ainda vai gastar 1% de toda a riqueza que produzir nesta recapitalização.
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