Tribunal diz que mestrado de líder do PP espanhol foi um “presente” pela sua importância política
O mestrado de Pablo Casado ter-lhe-á sido atribuído como "presente" pela sua "posição política relevante". O líder do PP rejeita demitir-se por um caso que considera "irrelevante politicamente".
A juíza de instrução de Madrid que estava a analisar o caso do mestrado de Pablo Casado concluiu que o título académico concedido ao atual líder do PP terá sido um “presente” pela “posição política relevante” ocupada por Casado. O líder do partido conservador espanhol recusa demitir-se e considera que este é um tema “irrelevante politicamente”.
“Pablo Casado pode ter sido favorecido com este presente académico pela sua relevância política institucional”. É esta a conclusão da juíza Carmen Rodríguez-Medel, citada pela imprensa espanhola. Segundo o El Mundo, a juíza enviou os fundamentos da sua decisão para o Supremo Tribunal espanhol, para que este tribunal decida se irá investigar Pablo Casado por alegados crimes de prevaricação administrativa e suborno.
Desde que foi eleito líder do PP, no mês passado, a imprensa espanhola tem avançado várias notícias sobre o currículo de Pablo Casado, que terá dado informações falsas sobre o seu percurso académico. Apresenta, por exemplo, programas de duas semanas como sendo pós-graduações, além de se apresentar como visiting professor num programa de dez semanas para jovens da América Latina, quando foi, na realidade, conferencista deste programa.
Pablo Casado pode ter sido favorecido com este presente académico pela sua relevância política institucional.
A justiça espanhola acabou por investigar o mestrado em Direito Autonómico e Local que Casado diz ter tirado no ano de 2008-2009, na Universidade Rey Juan Carlos. Casado disse ter tido equivalência a 18 das 22 cadeiras deste mestrado, tendo sido avaliado através de trabalhos nas restantes cadeiras. Contudo, a universidade disse à juíza que estava a investigar o caso que não tem qualquer registo de trabalhos de avaliação apresentados por Casado. Também não há registo de emails, correio ou qualquer outro tipo de comunicação que prove que o líder do Popular tenha entregue trabalhos à universidade. Não há sequer qualquer “rasto documental que evidencie a sua contribuição no curso académico de 2008-2009”, de acordo com a universidade.
A juíza vem agora concluir que Enrique Álvarez Conde, o diretor do Instituto de Direcho Público na altura em que Casado tirou o mestrado, utilizava este curso como “presente para determinados alunos, que obtinham o título de mestrado sem qualquer mérito académico”, enquanto outros alunos tiravam o curso “com normalidade”. E este “presente”, concluiu ainda, só era atribuído a “alunos com uma posição relevante no âmbito político, institucional ou que mantinham vínculos estreitos de amizade ou de caráter profissional com Álvarez Conde”.
[Enrique Álvarez Conde usava o curso como] presente para determinados alunos, que obtinham o título de mestrado sem qualquer mérito académico
Sobre este assunto, Casado diz que é “irrelevante politicamente” e assegura que não recebeu este mestrado como presente. “O que está a fazer comigo nunca se fez com alguém deste país”, criticou em conferência de imprensa, citado pelo El Mundo.
O líder do PP refere, aliás, que nem sequer detém este título de mestrado. “É um trabalho de doutoramento para uma tese que não fiz. Não é um mestrado. Não tenho o título. Tenho esse trabalho de doutoramento, mas não é um mestrado. Não é um presente algo que não se tem”, esclareceu.
Assim, e apesar dos “indícios criminais” de que é suspeito, Casado é claro: “A demissão não é contemplada, de todo“.
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